Sim à austeridade

austeridadeA contradizer a opinião do Nobel da economia Paul Krugman, desenvolvida na passada sexta-feira, Wolfgang Shaeuble, ministro das Finanças alemão, considera a austeridade a condição “sine qua non” para o crescimento sustentável.

Segundo o jornal Dinheiro Vivo, em defesa da austeridade, o ministro alemão desenvolve as suas ideias principais sobre a crise da zona euro:

1. Sobre um perdão da dívida grega para os credores do sector público

“Em primeiro lugar, o Banco Central Europeu é independente. Ele decide o que quer decidir. Em segundo, o Conselho Europeu estabeleceu um quadro para o segundo programa de assistência à Grécia, e existe um acordo de princípio com o sector privado.

Não nos devemos esquecer que o sector público, ou seja os contribuintes na zona euro, tem apoiado a Grécia desde 2010 com muitos mil milhões de euros e vão continuar a fazê-lo. Isto é um balanço próximo. Agora devemos ver como é que vai ser o pacote inteiro, incluindo a contribuição dos credores privados, a opinião da troika em relação ao primeiro e ao segundo resgate grego”.

2. Sobre a expansão do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE)

“Na zona euro, só vamos voltar a ganhar a confiança que perdemos através de políticas estáveis. Por outras palavras, não podemos tomar novas decisões todos os dias. Em vez disso, precisamos de proceder passo a passo. De forma a termos sucesso. A sequência é clara. Primeiro de tudo, os países onde os problemas originaram devem travar estes problemas.”

Em primeiro lugar, está a ser pedidos que os bancos sistemicamente relevantes aumentem o seu rácio de capital. Em segundo lugar, os chefes de Estado e de governo disseram que se iriam sentar em Março e rever se os mecanismos de resgate tinham recursos suficientes devido aos últimos acontecimentos.

Isto são os procedimentos que acordámos. É por isso que eu não vou especular agora sobre o resultado da avaliação vai ser. Até à data, apenas 43,7 mil milhões de euros dos 440 mil milhões do FEEF foram usados”.

3. A cura de austeridade está a matar o doente?

“Temos as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Quando eu me tornei ministro das Finanças há dois anos atrás e fui ao Eurogrupo pela primeira vez, os meus colegas perguntaram-me: Como é que eu vou cumprir as regras do Pacto? Vai a Alemanha quebrar as regras europeias pela segunda vez desde 2004? E eu disse que vamos cumprir as nossas obrigações. E então, assim que as alcançámos, foi dito que estávamos a cortar os nossos défices muito rapidamente e a prejudicar o crescimento. Então, tivemos bons números de crescimento. Entretanto, o nosso crescimento vem da procura doméstica, do investimento e consumo porque as pessoas estão a ficar mais confiantes.

Se queremos mais procura privada, temos que afastar as angústias das pessoas, temos que construir confiança. É por isto que uma redução razoável de défices muito altos é uma condição sine qua non para o crescimento sustentável”.

4. Sobre como vai haver crescimento económico este ano

“As previsões dizem-nos que vai haver um arrefecimento temporário devido a um certo enfraquecimento a nível global e devido às incertezas nos mercados financeiros devido à zona euro. Mas as previsões também dizem que isto vai ser muito temporário. Uma recessão parece muito diferente do que está a acontecer na Alemanha agora”.Quase todos fora da Alemanha dizem: se não querem fazer um estímulo orçamental, podem ao menos reduzir o corte nos défices?

“Estamos a concentrar-nos acima de tudo na durabilidade do fortalecimento do crescimento através de reformas estruturais, não só na política orçamental. Temos feito uma reforma no mercado de trabalho. Estamos a investir no futuro e a fortalecer a educação, pesquisa e inovação.

Desde o primeiro dia, este governo tem querido alcançar os seus objectivos para aumentar o financiamento para a ciência, pesquisa e também integração [de imigrantes], sem contar com a poupança e esforços de consolidação. E tem cumprido os seus objectivos”.

5. O compacto fiscal vai proibir futuros pacotes de estímulo contra a recessão?

“Lemos o estudo de Rogoff e Reinhart com muita atenção. Eles demonstraram empiricamente que depois de um certo nível, a dívida pública torna-se prejudicial ao crescimento”.

6. Sobre se uma Alemanha forte não cria ressentimento noutros países

“É claro que não somos os donos da Europa. Na Europa, os grandes países não podem tomar as suas decisões sozinhos. Dentro do processo de decisões europeu os países pequenos são igualmente importantes e tem que estar na direcção também.

As críticas à chanceler Angela Merkel dizem muito sobre esse ponto de vista: Alguns dizem que ela é muito assertiva; outros dizem que ela é muito cautelosa. Na Europa, estamos a tentar por um lado assumir a nossa responsabilidade como a maior economia e, por outro lado, evitar dar a impressão de que somos nós que estamos a dizer à Europa como proceder.

A Europa tem de alcançar o equilíbrio certo entre diversidade e unidade. Isto é como a Europa é complicada. Mas é bom desta forma. No passado era simples na Europa. Tivemos guerras terríveis. É melhor ser complicado e ser um pouco mais estável”.

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