IV Barómetro Executive Digest – Nuno Fernandes

As eventuais e necessárias reformas do Estado – na Educação, Saúde ou Segurança Social – foi dos temas que mais motivou os participantes do IV Barómetro Executive Digest. Participantes, contudo, que se mostram confiantes face aos próximos meses.

Por Nuno Fernandes, dean da Católica-Lisbon School of Business and Economics

De acordo com os resultados apresentados, mais de 80% dos inquiridos considera que a taxa de crescimento do PIB vai ser de 2,2% em 2018. As últimas previsões da Católica-Lisbon ainda são um bocadinho mais optimistas, já que apontam para um crescimento este ano de 2,4%, uma ligeira revisão em alta de 0.1 pontos percentuais face a Outubro passado. Esta projecção reflecte a continuação da recuperação económica, embora sem o efeito base favorável que beneficiou o ano de 2017. A política orçamental tem um pequeno contributo positivo como resultado do cálculo de um agravamento do défice estrutural na sequência da aprovação do Orçamento do Estado 2018.

Relativamente às reformas do Estado, é compreensível que mais de 28% tenha eleito os tribunais. Porque, de facto, a ineficiência dos nossos tribunais continua a ser um grande entrave à nossa competitividade. É importante reduzir a burocracia e morosidade dos processos, já que questões relacionadas com a máquina fiscal, por exemplo, paralisam efectivamente muitas Pequenas e Médias Empresas. A segunda reforma apontada prende-se com a educação e, também neste campo, ainda há muito trabalho a fazer. O nosso sistema de educação de base não está a preparar os jovens com as skills necessárias para operar no século XXI. Continuamos a ter um ensino superconservador, ainda focado na memorização. Precisamos de apostar em skills de critical thinking, análise de dados, integração e interpretação de padrões, que continuam a ser negligenciados. A propósito do investimento público, sou da opinião que este não deve ser concentrado em activos físicos. Temos já indicadores de infraestrutura física e até tecnológica muito superiores quando comparados com outros países europeus. Por outro lado, voltar a apostar em investimentos públicos em infraestrutura é voltar a cometer os mesmos erros do passado, em que, via Orçamento de Estado, se subsidiam indirectamente indústrias e empresas estruturalmente ineficientes. Por último, é fundamental que as empresas portuguesas comecem a diversificar as suas fontes de financiamento.

É perigoso o nível elevado de financiamento bancário. Os empresários portugueses precisam de abrir o capital, criar consolidação é imperativo em muitos sectores. Mas, para isso, é preciso acabar com o mito do controlo a 100% das empresas. É melhor ter uma fatia de uma pizza grande, do que uma pizza inteira, mas minúscula…

Artigos relacionados
Comentários