IV Barómetro Executive Digest – Daniel Bessa
As eventuais e necessárias reformas do Estado – na Educação, Saúde ou Segurança Social – foi dos temas que mais motivou os participantes do IV Barómetro Executive Digest. Participantes, contudo, que se mostram confiantes face aos próximos meses.
Por Daniel Bessa, economista e professor aposentado da Universidade do Porto
Temos os resultados do 4.º questionário do Barómetro em boa hora lançado pela Executive Digest, relativos ao mês de Janeiro de 2018. A sensação mais forte é que as lideranças empresariais portuguesas estão confiantes ou, pelo menos, sedentas de boas notícias, em que querem acreditar. No Orçamento de Estado para 2018, o Governo prevê uma taxa de crescimento do PIB de 2,2% e 80% dos inquiridos acreditam ou confiam que assim acontecerá. A questão poderia tornar-se mais controversa se lhes perguntássemos porquê mas, como ensinaram os clássicos, isto de Economia tem muito de animal spirits, e, na fase que atravessamos, ainda bem.
A dispersão máxima observa-se em matéria de reformas estruturais. Com poucas excepções, creio que quase todos as consideramos necessárias. A questão é saber qual a mais importante, por onde começar: entre as oito áreas propostas, “ganharam” os tribunais mas não passaram dos 28%, seguidos da segurança social, já com menos de 20%. Uma área como a administração do território não foi além dos 5%. Talvez haja alguma ciência certa quando se afirma a necessidade de reforma estrutural mas não há, seguramente, nenhuma ciência certa na escolha da prioridade.
Exige-se, como sempre, nestas coisas, liderança e, sobretudo, capacidade de execução. A surpresa maior veio em matéria de fontes de financiamento, com quase 80% dos inquiridos a dizerem que as suas empresas se vão financiar por recurso a diferentes modalidades de capitais próprios. E não chegam a 16% os que dizem que recorrerão a capital alheio, reduzido, de resto, a crédito bancário e a crédito comercial. Mesmo conhecendo o défice de capitais próprios que caracteriza as empresas portuguesas, em geral, custa a acreditar…