Os “perigos” da recuperação

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Ricardo Florêncio

Director da revista Executive Digest

Editorial publicado na edição de Fevereiro de 2014 da revista Executive Digest

Conforme tenho vindo a referir, temos de regozijar com uma série de indicadores que dão claros sinais positivos em relação à economia.

Não só os mais directos e fáceis de medir, como o crescimento da economia, as nossas exportações, as baixas de taxas de juros requeridas internacionalmente e um certo renascer do consumo interno, entre outros, mas também aqueles que são baseados nas percepções, tão ou mais importantes que os outros: como os índices de confiança da sociedade e empresas. E é notório que as pessoas e empresas acreditam que iniciámos um ciclo positivo e daí uma maior propensão ao consumo e investimento, respectivamente.

Contudo, esta recuperação da nossa economia, acarreta diversos perigos que interessa analisar com muita cautela.

Perante os indicadores positivos, começaram a ouvir-se algumas vozes apregoando que podemos/devemos dar por encerrada a reforma do Estado, e dar início a um conjunto de investimentos em infraestruturas, parcerias e afins.

Se, por um lado, é necessário progredir, avançar, olhar para o futuro e daí ser necessário um processo de investimentos, o modo como está a ser tratado e abordado dá indicações perigosas que poderemos voltar a viver brevemente os tempos de “forró” que nos levaram à situação que vivemos nos últimos anos.

Por outro lado, há que continuar obviamente a reforma do Estado. Só assim este pode emagrecer, só assim o Estado terá mais reserva para investir, do que gastar todos os impostos que pagamos em despesas correntes.

Pergunta-se: pode ser feito de outro modo? Pode e deve! Depois da “brutalidade” que foi, porventura, necessária, pode ser mais criteriosa e cirúrgica. Mas parar, não! Senão, podemos ter a certeza que daqui a cinco ou 10 anos, voltaremos a viver o que passámos há bem pouco.

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