Haja vontade!

Por Ricardo Florêncio
ricardo.florencio@multipublicacoes.pt

AO LONGO DOS ÚLTIMOS TEMPOS TEMOS VINDO A ASSISTIR AO CLAUDICAR DE VÁRIOS SERVIÇOS E ORGANISMOS DO ESTADO

As notícias, comentários e histórias que vão correndo em diversos órgãos de comunicação social e grupos de discussão, dão conta dessa situação assustadora. E ainda mais assustador é a velocidade crescente com que essas instituições vão demonstrando que estão incapazes de dar respostas às solicitações que lhe são exigidas. São os hospitais, são os comboios da CP, é a rede de metropolitano em Lisboa, são escolas que continuam sem ter as condições mínimas, é o funcionamento da protecção civil, etc. Infelizmente é um rol infindável de situações.

Não me interessa nada aferir a responsabilidade deste estado de coisas, pois teríamos de culpar muitos anos e governos. Esta situação que se vive hoje, não é responsabilidade, apenas e só, deste governo e do anterior, mas sim dos governos de anos anteriores que deixaram chegar a este ponto.

E não venham com mais conversa tonta de que são necessários mais fundos, mais dinheiro. O que é necessário, sim, é que haja vontade (muitos chamam-lhe coragem, nunca percebi bem porquê!) para proceder a reformas estruturais. E reformar não quer dizer de imediato cortar, acabar com, reduzir. Só quer mesmo dizer, estudar, modificar, adequar à realidade actual, prevendo as necessidades do futuro. É óbvio que dá trabalho, é óbvio que vai mexer em muitos interesses instalados, mas é necessário, é imperativo. Há que reformar o Estado e reformular muitos serviços do Estado.

Sendo um defensor da economia de mercado, penso que o papel do estado deveria diminuir. Mas há muitas funções e tarefas que deverão ser sempre levadas a cabo pelo Estado. Uma parte substancial da Saúde, da Educação, a Segurança Social, a Segurança em si, entre muitos outros, é função e responsabilidade do Estado. E assim, é todo este ecossistema que deverá ser objecto de estudo, reformado, reformulado. Sobre a maior parte destes temas, já muitas pessoas e grupos opinaram e apresentaram soluções. Estudemo-las e tenhamos a vontade de começar a implementá-las.

Editorial publicado na Revista Executive Digest de Agosto de 2018

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