O Futebol e a Economia

Por Ricardo Florêncio
ricardo.florencio@multipublicacoes.pt

NUNCA, COMO HOJE, A INDÚSTRIA DO FUTEBOL MOVIMENTOU TANTOS MILHÕES E MILHÕES

Em investimentos, patrocínios, publicidade, são milhares de milhões. Só que muitos esquecem-se disso mesmo: o futebol é um negócio, é um espectáculo, é entretenimento.

Vivemos uma dicotomia muito estranha. Ao nível da nossa Selecção, vivemos um ponto alto, onde nunca tínhamos estado. Somos campeões da Europa de futebol, conquistado em França em 2016, e somos campeões europeus de futsal, título conquistado na Eslovénia, no início deste ano de 2018. Portugal está assim no topo do futebol europeu. Contudo, a nível interno e de clubes é a situação que se conhece. E não é deste ou daquele clube. É de todos, é do clima que se vive, de todos os casos que se vão conhecendo, de tudo menos de futebol. São investigações, corrupção, arguidos, penalidades, multas, interdições, suspeições, processos, queixas, reclamações, ameaças, tudo… menos futebol. No futebol cada vez se fala menos de futebol. Somos um País em que o futebol desempenha um papel de grande importância na Economia. Para além de toda a media geral abordar o futebol, temos três diários desportivos. Temos diversos canais de televisão desportivos em que o futebol ocupa o papel principal. Temos grelhas dos diversos canais de televisão generalistas cheias de programas de debate, entrevistas, com um rol imenso de comentadores que estão diariamente presentes na televisão. E estes programas, estes debates, estes canais geram audiências, e receitas e investimento que, posteriormente, gerem negócios, e mais receitas. A questão é até quando? Até quando terão as pessoas disponibilidade, paciência, tempo, para todo este circo que se vive, em que de futebol pouco se fala.

A propensão ao consumo na área do divertimento está em alta em Portugal. As pessoas querem espectáculo, querem entretenimento e querem estar seguras, em paz e em família. E, no futebol, é exactamente igual. A Economia, as empresas e os negócios agradecem que o futebol volte a ser futebol.

Editorial publicado na Revista Executive Digest de Setembro de 2018

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