“O FIM DE UMA ERA!”

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Ricardo Florêncio

Director da revista Executive Digest

Editorial publicado na edição de Agosto de 2014 da revista Executive Digest

ESCREVO ESTE NOVO EDITORIAL NO DIA EM QUE É ANUNCIADO O FIM DO BANCO ESPÍRITO SANTO. É O FIM DE UMA ERA!!!

Quem alvitrasse algo parecido com esta situação há um ano atrás, provavelmente seria brindado com diversos atestados de senilidade.

Ainda na semana passada escrevi num outro fórum, que não fazia sentido absolutamente nenhum o BES valer 675 milhões de euros, com a queda das suas acções para os 10 cêntimos. Num par de meses tinha perdido 90% do seu valor. Agora, nada vale! Mas como é possível esta hecatombe?

Foi claro durante as últimas décadas, e até há bem pouco tempo, a importância que o Grupo, o Banco, Espírito Santo tinha, no tecido empresarial português. O seu poder, a sua influência, tocava um sem número de empresas e todos os sectores mais importantes. E essa influência estendia-se naturalmente ao espaço político, desportivo, social, etc. Era assumido, era reconhecido, era uma referência.

Mas, afinal, como tinha esse poder e influência, se no espaço de três, quatro meses, tudo se esvaneceu? O que aconteceu? E agora, o Banco, o BES, acabou? “Novo Banco”? Ainda é cedo para nos apercebermos dos resultados sobre a solução encontrada, mas os motivos, as razões, para acabar com o BES, justificarão esta decisão? Acabar com o BES?

Em todo o lado se ouve agora falar de crimes, roubos e fraude. Até os membros do Governo e de altas instâncias vêm pedir punições severas para os responsáveis sobre esta situação. Mas se assim for provado, também se deverá questionar como é possível que nunca ninguém tivesse visto nada? Foi assim tão bem ocultado, que um grupo, um banco, com aquela visibilidade e tão escrutinado e analisado, conseguia tomar essas acções e decisões, sem ninguém perceber? Com tantas auditorias, autoridades, supervisores e afins, ninguém viu nada de errado? Também não faz sentido!

Espírito Santo, é um nome que inspirava respeito e admiração, aqui e além-fronteiras, que era visto como um exemplo em diversos domínios. Agora é tudo negativo? Também não faz sentido!

Não consigo partilhar esta diabolização de toda esta situação. Apurem-se as responsabilidades, puna-se quem tem de ser punido e acabe-se a conversa.

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