E as Empresas?
Está na altura de nos prepararmos para olhar
e cuidar das empresas, das suas necessidades
e constrangimentos, agora que o paradigma
do facilitismo e apoio do Estado está a ser
lentamente inviabilizado pela força do
«garrote financeiro» aplicado.
Já aqui escrevemos que, com maior ou menor ajuda dos nossos «amigos», a consolidação
orçamental irá acontecer. E depois?
Depois será tempo de olhar para o crescimento do país, para as Empresas onde, após
os remendos cegos aplicados às finanças públicas, irá recair a recuperação económica
do país. pois são elas que irão vender e exportar os bens transaccionáveis, assegurar o
emprego e alimentar a função fiscal redistributiva… não existe alternativa.
por isso está na altura de nos prepararmos para olhar e cuidar das empresas, das suas
necessidades e constrangimentos, agora que o paradigma do facilitismo e apoio do Estado
está a ser lentamente inviabilizado pela força do «garrote financeiro» aplicado.
No passado, e depois do corporativismo, do capitalismo de Estado, das desvalorizações
cambiais, vieram os fundos europeus e o crédito fácil, mas as empresas e as
várias dimensões de uma gestão e organização interna profissional, nomeadamente
a meritocracia, foram sempre artificialmente secundarizadas.
E apoiar as empresas não tem, ou não deve ter, custos financeiros. É apenas necessário
vontade e organização. E ideias ou, na falta delas, copiar o que bem se faz «lá
fora», como por exemplo:
Reencontrar os famosos clusters competitivos da economia, de Michael porter, e
promover ou facilitar a sua exploração por empresas estabelecidas ou a estabelecer.
combater a morosidade da justiça e as suas implicações no custo de fazer negócio
em portugal, destacando os tribunais de comércio da estrutura judicial portuguesa
e dotá-los de regras processuais próprias, reinventando-os, copiando o que de bem
se faz por essa Europa e introduzindo métricas de desempenho e produtividade em
todos os responsáveis pela justiça.
Produzir inovação sem nunca esquecer como é que essa inovação pode ser eficazmente
aplicada pelas empresas na criação sustentada de riqueza para o país, mais do
que pela venda de patentes.
Destruir a malha burocrática, que necessita da aprovação de vários organismos
para um simples acto, potencial foco de corrupção, aplicando também métricas de
desempenho e produtividade em todos os intervenientes públicos. Como é que um
país que tão bem avançou no simplex e na empresa na hora necessita de 6 meses para
aprovar uma esplanada ou 1 ano para iniciar a construção de uma casa?
incentivar a formação de técnicos ou licenciados necessários ao tecido empresarial,
e aos clusters em especial, desincentivando as vias de ensino geradoras de desemprego
e sem aproveitamento pelo país.
Outras ideias haverá, até bem melhores, mas é tempo de as pensar, debater e aplicar
e pôr a Empresa, a estrutura que produz emprego, riqueza e impostos, no centro das
preocupações dos governantes.
Paulo Carmona