Começar Já
A pensar os sectores, sem dispersão,
onde podemos competir eficazmente
e colocar as nossas energias e no
modelo de crescimento a 10 anos. Para
bem dos nossos filhos, a quem temos
feito tanto mal financeiramente.
Para olharmos o futuro devemos observar o presente. Será que Portugal conseguirá
baixar o défice da forma dolorosa proposta para 2011, quando em 2010,
acossado pelos credores, teve uma execução orçamental lastimosa? Que garantias
temos que nós, portugueses, somos capazes de reformar e gerir as contas
do Estado, sozinhos e sem ajuda? Temos de reconhecer que, num país pequeno
e emotivo, povoado por primos e conhecidos, não é fácil reformar as despesas
do Estado.
Vamos ter de conseguir sozinhos ou passar pela humilhação de sermos «intervencionados
», o que, tirando a dureza do método, acelera eficazmente o
cumprimento dos objectivos propostos. Noutras Uniões, quer os Estados Unidos
quer a Suíça já tiveram de intervir em falências nos seus Estados ou Cantões.
Já que, neste momento, os credores ou Bruxelas nos indicam o que fazer,
podem-no fazer directamente. É mais transparente.
Mas como chegámos aqui? Não foi por fraude nas contas públicas nem má
gestão dos bancos, foi porque não soubemos gerir o Estado e encontrar um
modelo de desenvolvimento do país que crescesse e apresentasse um equilíbrio
das contas externas. Quem se endivida para comer não tem futuro, apenas
empobrece numa ilusão.
E agora? Com mais ou menos aperto, o Estado porá ordem nas suas contas e
no seu endividamento. Mas temos de crescer, pagar as dívidas sem nos endividar.
Como? É teoricamente simples, temos de vender mais do que compramos,
ganhar dinheiro, trabalhar, produzir. Pensar nos sectores, sem dispersão, onde
podemos competir eficazmente e colocar as nossas energias e no modelo de
crescimento a 10 anos.
Como transformar um país? É mais fácil modelá-lo que executá-lo. Que dizer
a uma pessoa que nos últimos anos teve um emprego a criar inutilidades arti-
ficiais, a produzir burocracia ou que pertenceu a esquemas de dependência de
favores do Estado? Ou a um estudante ou recém-licenciado que desperdiçou
anos a estudar algo que não tem qualquer utilidade prática e que é uma razão
para o acumular do desemprego? Que têm de mudar? Que desperdiçaram a
sua vida? Estamos a falar duma revolução, de comportamentos, mentalidades
e esperanças. E isso pode durar uma geração.
Mas temos todos de pensar e agir, de criar e vender. E começar já. Para bem
dos nossos filhos, a quem temos feito tanto mal financeiramente.