Alternativas Energéticas

paulo-carmona_edit_edAcontece com a energia nuclear o que acontece com muitas situações que não apreciamos, mas cuja alternativa é muito pior. E a verdade é que fora do debate ideológico a única alternativa viável à energia nuclear é a queima de mais fósseis, com a correspondente emissão de CO2 e efeito de estufa climatérico. Pelo menos enquanto a Humanidade continuar a crescer, desenvolver-se e aumentar o seu consumo energético.

E entre a demagogia e os vendedores de medos, as questões energéticas não podem ser objectivamente discutidas. E se é verdade que os riscos associados aos resíduos e a questões de eventuais fugas de radioactividade não podem fazer de ninguém um acérrimo defensor do nuclear, o que aconteceu em Fukushima foi um problema num dos 46 reactores actualmente em serviço no Japão, construído há 40 anos e sem as seguranças instaladas nas mais modernas centrais, no meio de um desastre apocalíptico. Não iliba, mas também não podemos demonizar completamente uma das mais importantes fontes de energia mundial a bem duma discussão objectiva.

Porque o carvão e o petróleo contém enormes riscos para a saúde do planeta, o primeiro pelas consequências de CO2, riscos pulmonares e os 5000 mineiros mortos em média por ano, especialmente na China, e o segundo pelos derrames recorrentes e todo o ciclo da sua produção e queima.

A energia hídrica é talvez a energia mais “limpa”, mas poucos falam das 12 mortes por rebentamento da barragem de Fujinuma no terramoto do Japão ou das 2000 mortes em Vajont, Itália, em 1963 ou o que poderia ocorrer em Portugal com um grande abalo sísmico.

Restam as mais eficientes centrais de ciclo combinado, mas que não resolvem definitivamente as questões da emissão de CO2, os biocombustíveis como o biodiesel que utiliza matérias-primas não alimentares, única alternativa válida à importação e consumo de petróleo, e as restantes energias renováveis, um pequeno luxo no actual estádio de desenvolvimento tecnológico apenas ao alcance de países mais abonados ou dos que não fazem contas. Mas esse pequeno luxo pode e deve ser desenvolvido com os olhos postos do futuro, embora utilizado com ponderação no mix energético, e Portugal tem tido um papel de destaque nesse sector que nos deixa orgulhosos. O problema está nas facturas…

Nos próximos 20 anos poderemos sonhar com a concretização de várias alternativas actualmente em fase de desenvolvimento como sejam a produção de biodiesel a partir de algas ou de resíduos, a produção de bioetanol a partir da decomposição enzimática da celulose em açúcar simples, o desenvolvimento das baterias dos carros eléctricos ou a sua forçada viabilização pela instalação de catenárias nas autoestradas, entre outras.

Mas nesta apresentação simplista dos prós e contras dos vários tipos de energia não falámos do tema central da discussão da produção e consumo energético; a eficiência energética. A eficiência é um tema tão consensual como pouco debatido ou aplicado. E Portugal tem um grave problema de eficiência energética nos edifícios, nos transportes, nas fábricas etc. E é aí que deveríamos concentrar as nossas atenções, pelo menos muito mais do que em discussões acaloradas sobre os diversos tipos de energia.

No resto queremos apenas a energia mais barata e “verde” que estiver disponível.

POR PAULO CARMONA

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