O Day After
Entra o Verão e tudo se relativiza e fica mais leve.
Do Exterior chegam boas notícias de que a noite da crise está no fim. Mas de todos os lados a mesma mensagem, o nascer do sol é para breve contudo cuidado pois a noite mais escura é sempre imediatamente antes da aurora.
A situação irá piorar, menos é certo, antes de melhorar. E mesmo essas melhoras não serão para todos, apenas para aqueles que compreenderam e aproveitaram as curas enviadas pelos Estados e Bancos Centrais.
Depois de curarmos o doente com uma actividade expansionista para além do mecanismo estabilizador do Governo, e de injectarmos liquidez monetária “com as impressoras de notas ao rubro” devíamos nos questionarmos sobre o Day After. Quando a situação má passar o que virá depois?
Assim, para os gestores sensatos e proactivos propomos mais um tema para discussão especulativa e intelectualmente estimulante para ter “com os pezinhos dentro de água”.
Se realmente o mundo retomar o caminho da expansão será muito difícil manter orçamentos deficitários e taxas de juro próximas de 0. Que acontecerá nas empresas e nos mercados quando:
>Ressurgir o tema da inflação?
>Subirem as taxas de juro?
>Os Estados subirem os impostos ou diminuírem fortemente a despesa corrente?
>O próximo Banco, com os seus problemas apenas adiados, estiver em risco?
>Diminuir a massa monetária para não aumentar a inflação (em resumo de pontos atrás mas com alguma erudição)?
A nível da gestão todos os conselhos vão para o aproveitamento do excesso de liquidez para renegociar dívidas, abrandando a actividade planear a amortização de divida com a venda a prazo de activos inúteis para a actividade. Em resumo, as empresas vencedoras na pós-crise serão as mais leves financeiramente e com rácios de dívida que possam enfrentar a desalavancagem inevitável do sistema. Isso para além dos acostumados apelos à inovação, exportação e conquista de novos mercados. E claro, empresas que tenham o Estado como cliente no seu plano de negócios terão a sua vida muito dificultada.
A saída da crise correu bem melhor do que se esperava, mas não existem almoços grátis e a conta, na secagem do excesso de liquidez, irá ser paga. Reflictamos sobre este tema para que nos preparemos devidamente e a factura a pagar pela nossa empresa seja bastante mais baixa que a média.
Por, Paulo Carmona – Director da Executive Digest