(In)Sustentabilidades
Sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável são termos na ordem do dia e cada vez mais presentes nas decisões empresariais. Todos fazemos fé na doutrina e não há empresa que não deseje mostrar uma face sustentável, quer na economia de energia e outros recursos quer no auxilio a obras de impacto social.
O desenvolvimento caótico está a afectar o ambiente, a provocar assimetrias sociais e regionais e a destruir sistemas de organização económica. O planeta e a sociedade necessitam de ordem. Mas reparem como esta última frase foi semente de muitos totalitarismos no século passado. A abordagem a estes assuntos deverá ser séria e ponderada.
Também sabemos que o medo e a superstição são feios, mas eficazes técnicas de vendas. E a “indústria” da ecologia que se desenvolveu à custa do efeito de estufa tem tido bastante sucesso a anunciar o fim do planeta.
Fim que pode ser verdade ou não. Não sabemos muito sobre o efeito do dióxido de carbono e do metano no clima do planeta. Talvez bem não deva fazer, mas as teorias abundam e conhecemos ainda pouco. Será que arrefece a Terra filtrando os raios solares ou aquece por efeito de estufa? Ou será que o planeta está num ciclo de aquecimento ou de arrefecimento, como parece ser cíclico, e nada podemos fazer sobre isso?
Seja como for, questões do clima à parte, é certo que estamos a destruir poluindo o ar, o mar e a terra. E todos nós tomámos consciência disso. No entanto não é fácil encontrar quem sacrifique o seu bem-estar pessoal pela salvação do planeta ou que deseje pagar a energia mais cara se esta for “verde”. As energias eólicas, solares ou os biocombustíveis são “luxos” que os Governos obrigam justamente as sociedades a pagar.
A Cimeira de Copenhaga irá ser muito importante para aferir da razoabilidade e empenho dos Estados em melhorar o ar que respiramos e evitar o caos ambiental. Se não podemos barrar, mas apenas regular, o desenvolvimento económico e social dos países emergentes sob pretexto das emissões de carbono, é certo que não podem os Estados Unidos continuar a ser responsáveis por 21% do carbono emitido no mundo com apenas 8% da sua população.
Aqui a posição da Europa tem sido bastante importante e interessante. Com ou sem acordo, a UE irá baixar as suas emissões de carbono em 20% até 2020 utilizando as energias renováveis em 20% e conseguir uma eficiência energética de 20% do consumo de energia primária, metas ambiciosas, mas atingíveis. E um pouco por todo o lado essa preocupação existe. Dos Estados Unidos ao Brasil e passando pela Austrália, o investimento nas energias renováveis tem aumentado e com ele a preocupação com a sustentabilidade e o nosso legado ambiental às geraçõesvindouras. O que talvez não aconteça com o legado da divida pública.
Por Paulo Carmona