The Modist oferece estilo sem sacrifício

Ghizlan Guenez fundou a marca com o objectivo de acabar com os estereótipos que dominam a moda “modesta”.

Por Claire Dodson, colaboradora da Fast Company

Ghizlan Guenez, uma argelina que cresceu no Médio Oriente, estava a trabalhar numa empresa privada quando desenvolveu a ideia para uma plataforma de comércio electrónico de luxo dedicada ao tipo de vestuário que ela e as mulheres da sua família gostariam de usar: alta-costura, com «mangas compridas, grandes bainhas, sem grandes rachas nem muita renda», afirma. Mas quando começou a levar o conceito de um site de moda “modesto” aos designers, há uns anos, descobriu que tinham uma ideia limitada do seu significado. «Tinham em mente uma mulher, religião e até país muito específicos», afirma. «Estamos a destruir esses estereótipos.»

Em Maio, Ghizlan Guenez lançou o The Modist, que apresenta tudo, de vestidos floridos a macacões com lantejoulas de mais de 100 designers. O site, que já atraiu clientes de 65 países, reflecte os receios de um grupo crescente de mulheres que querem vestuário que cubra todo o corpo e que tenha estilo. O espaço da moda modesta deve transformar-se num mercado de 414 mil milhões de euros até 2019, em grande parte estimulado pelos clientes muçulmanos, que devem gastar 315 mil milhões de euros até 2021, segundo o recente relatório State of the Global Islamic Economy Report da Thomson Reuters.

A indústria da moda prestou atenção. Em Fevereiro, a Macy’s lançou a colecção Verona, uma linha de pronto-a-vestir que inclui hijabs, túnicas e conjuntos com camadas. Entretanto, no luxo, marcas como Dolce & Gabbana e Burberry têm oferecido colecções abaya durante o Ramadão. O Conselho de Moda Árabe expandiu a sua Arab Fashion Week do Dubai para Riade, na Arábia Saudita. Em Londres, a Modest Fashion Week, no seu segundo ano, mostra designers de todo o mundo, incluindo marcas emergentes como a Under-Rapt e a 1001 Abayas.

A The Modist, que é uma das primeiras plataformas só dedicada a moda de luxo modesta, segue o modelo da Net-a-Porter, misturando um comércio electrónico escolhido com conteúdos – incluindo uma revista impressa sazonal, a The Mod – para criar uma forte comunidade online. (Ghizlan Guenez até foi à Net-a-Porter buscar a chief operating officer Lisa Bridgett e o director de moda e compras Sasha Sarokin.) A empresa distingue-se da concorrência ao representar marcas modestas e estilos apropriados de marcas famosas como Missoni, Oscar de la Renta e Proenza Schouler. O site refere pormenores como a espessura do tecido ou se este fica largo ou apertado. «A frustração de tentar encontrar algo [modesto] pode ser mais forte para uma mulher que tenha motivos religiosos», explica Ghizlan Guenez, «mas a verdade é que existe uma base de consumidores mais vasta.»

Pouco mais de um ano após o lançamento do site, a empresa revela que o tráfego mensal tem crescido 45% e Ghizlan Guenez quer triplicar as receitas anuais em 2018. (Os principais mercados são os estados do golfo Pérsico, seguido do Reino Unido e dos EUA.) A proeminência crescente da The Modist inspirou designers,incluindo Adam Lippes, de Nova Iorque, a ajustarem o seu vestuário para satisfazerem os seus parâmetros. Adam Lippes revela que ao início estava céptico de que as suas roupas se qualificariam como moda modesta, mas o site acabou por ser um canal importante para a sua marca independente, aumentando «exponencialmente» a sua presença no Médio Oriente. «Foi um risco», afirma.

Ghizlan Guenez continua a acrescentar novos designers. Quando dá conta de uma lacuna entre o que as casas de moda oferecem e o que os seus clientes querem, encomenda colecções exclusivas, como uma de cafetãs inspirados no Ramadão que inclui peças personalizadas de Mary Katrantzou. Ghizlan Guenez afirma que já procura provas da influência da sua plataforma na comunidade da moda. Numa viagem ao estúdio parisiense do designer Peter Pilotto, notou que a sua última colecção não precisava de muitas alterações para cumprir as especificações do site. «Disse-lhe que parecia ser feito para nós», comenta Ghizlan Guenez. Peter Pilotto respondeu que o cliente da The Modist esteve sempre na sua mente.

Este artigo foi publicado na edição de Julho de 2018 da Executive Digest.

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