Randstad Insight: As minhas pessoas para amanhã

Por José Miguel Leonardo | CEO Randstad Portugal

A digitalização dos negócios e as exigências tecnológicas a que todas as empresas estão sujeitas levaram ao aumento da procura de perfis STEM (science, technologies, engeneering and maths). Esta “caça” ao talento enfrenta a dificuldade de não existirem recursos suficientes face às necessidades.

Este fenómeno é simples de explicar: além destas áreas terem sido desde sempre menos atractivas pelo conhecido fenómeno da matemática, os universitários finalistas de hoje tiveram de decidir o seu futuro e área de competência há pelo menos 6 anos atrás, com todas as dúvidas, pressões e incertezas próprias da idade. Estes mesmos jovens já tinham a sua escolha condicionada por um percurso de ensino com forte componente teórica e que muitas vezes não os soube motivar para as STEM.

Longe de querer responsabilizar o sistema de ensino público ou privado, coloco sim o ónus do amanhã nas empresas, em nós e muito especialmente na Randstad enquanto empresa que se posiciona como líder na área dos recursos humanos. Sabemos que o valor das organizações é proporcional ao valor das suas pessoas e por isso é fundamental que esta seja uma área estratégica da empresa, com planos em curso mas ainda mais com a capacidade de antever necessidades e de estabelecer um plano de atração de talentos para a sua estrutura.

Onde vamos investir amanhã? Quais os perfis indicados? Quais as competências críticas? Qual a minha proposta de valor para atrair e desenvolver talentos?

Estas respostas são fundamentais para que o ensino, e não apenas a academia, adaptem os seus programas e desenvolvam as competências base e de maior carência para a vida profissional. Skills críticos para o empreendedorismo não apenas no desenvolvimento de novas ideias mas também na forma de estar nas empresas, na capacidade de mudar e adaptar, de criar e inovar, e na cultura de excelência.

Olhemos assim a escassez de talento como uma oportunidade para realmente identificar competências críticas e estratégicas e mais ainda desenvolver currículos na área do ensino que desenvolvam essas mesmas competências e que respondam em maior número às necessidades das mesmas. Apesar de esta ser uma medida com consequências
a longo prazo é sem dúvida fundamental para reduzir o desemprego e contribuir para que os profissionais de amanhã encontrem o seu lugar no mercado e sejam acima de tudo, felizes.

Randstad Workmonitor:

Resultados do quarto trimestre 2015

Os resultados da mais recente Análise do Randstad Workmonitor mostram que As Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática são os perfis prioritários dos empregadores na procura de novos colaboradores. No entanto, captar o talento certo continua a ser desafiante.

Segundo as últimas descobertas do Randstad Workmonitor, os empregadores têm uma necessidade cada vez maior de perfis STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), afirmam 42% dos inquiridos. Setenta e um por cento indicam que os estudantes deviam concentrar-se mais numa carreira nas STEM. Mais de dois terços dos inquiridos (67%) concordam que os empregadores deviam investir mais no desenvolvimento de aptidões digitais.

Por último, se os inquiridos tivessem novamente 18 anos de idade, 63% focar-se-iam num campo de estudo dentro das STEM e ainda mais (84%) concentrariam os seus esforços num campo de estudo dentro do digital/online.

Captação de talento

Encontrar o talento certo continua a ser um dos problemas enfrentados pelos empregadores. Cinquenta e sete por cento dos inquiridos indicaram que os seus empregadores tinham dificuldade em encontrar o talento certo nos dias de hoje e acreditam inclusive que se torne ainda mais difícil no futuro.

Na Austrália, 73% dos inquiridos crêem que é dif ícil encontrar o talento certo, enquanto a Noruega está no extremo oposto da escala, com 37%.

Digital e automatização

No que toca à digitalização do seu emprego, 78% revelam que se sentem preparados para lidar com esta tendência. No México, as pessoas sentem-se ainda mais confiantes (96%), mas no Japão apenas 42% o confirmam.

Só 31% dos inquiridos esperam que o seu emprego esteja automatizado nos próximos 5 a 10 anos.

Economia e finanças

A nível global, os colaboradores estão optimistas em relação a 2016: 58% acreditam que a situação económica no seu país irá melhorar, os mesmos números do ano passado. Os colaboradores da Austrália são os mais positivos (90%); os chilenos e os gregos estão no final (35 e 19%, respectivamente). 53% indicaram que o seu empregador teve um melhor desempenho financeiro em 2015 face a 2014, e 71% acreditam que o empregador terá um desempenho ainda melhor em 2016. Ainda que as expectativas sejam altas, apenas 51% esperam um aumento salarial e 48% esperam um prémio financeiro anual no final deste ano.

Itens recorrentes

• Índice de mobilidade desce para 109. 

O número de colaboradores que espera encontrar outro emprego nos próximos seis meses desceu ligeiramente para 109 no último trimestre, o que resulta num índice bastante estável desde 2012. Analisando de uma forma mais profunda, existem algumas mudanças na mobilidade em comparação com o trimestre anterior, como a subida na Malásia (+5), e no Canadá, Chile e Hong Kong (+3). Ao contrário destas subidas, a mobilidade mostra um declínio em França (-9), e na Índia e na Turquia (-7). Na Holanda, Dinamarca, China, República Checa e Polónia os colaboradores não mudaram as suas expectativas em relação à mobilidade.

• A mudança de emprego desce ligeiramente para os 22%

O número de colaboradores, em todo o mundo, que mudou de facto de emprego nos últimos seis meses desceu ligeiramente para os 22% (em comparação com os 24% do último trimestre). Ainda que taxa de mobilidade na Índia seja das mais baixas, os números mostram a maior mudança de emprego juntamente com Portugal, Turquia, Áustria, Austrália e Malásia. O Luxemburgo tem a percentagem mais baixa de mudança de emprego (4%).

A vontade de mudar de emprego aumentou na Grécia, Singapura, Eslováquia, Dinamarca, China e Noruega, em comparação com o trimestre anterior. Itália, Reino Unido, Índia, República Checa, Brasil, Polónia e Japão mostram uma diminuição. Os colaboradores do Luxemburgo e Portugal são os que demonstram menos vontade.

• Satisfação profissional: de novo mais alta no Canadá, Noruega, Austrália e Índia

Em 20 países, mais de 70% dos cola-boradores estão “muito satisfeitos” ou “satisfeitos” com o empregador actual. Em apenas um país a percentagem de colaboradores “muito insatisfeitos” ficou abaixo dos 25%.

Workmonitor da Randstad

O Workmonitor da Randstad foi lançado na Holanda em 2003, posteriormente na Alemanha, e agora cobre 34 países de todo o mundo. O último país a juntar-se foi Portugal, em 2014. O estudo engloba Europa, Ásia-Pacífico e América. É publicado quatro vezes por ano, tornando as tendências locais e globais na mobilidade visíveis ao longo ao tempo. O Índice de Mobilidade do Workmonitor, que analisa a confiança dos colaboradores e mostra a probabilidade de mudança de emprego nos seis meses seguintes, oferece uma noção abrangente de sentimentos e tendências no mercado laboral. Para além da mobilidade, o inquérito aborda a satisfação dos colaboradores e a motivação pessoal, além de um conjunto diferente de questões temáticas.

O estudo é feito online a colaboradores entre os 18 e os 65 anos de idade, que trabalham no mínimo 24 horas por semanas num emprego pago. A amostra mínima é de 400 entrevistados por país. O painel Survey Sampling International é usado para amostra. O relatório sobre o final de 2015 foi levado a cabo entre 21 de Outubro e 4 de Novembro de 2015.

Estudo publicado na edição n.º 118 de Janeiro de 2016, na revista Executive Digest

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