OPINIÃO | Proteger-se dos riscos internacionais antes de fechar negócio

Na era da informação imediata, tudo tem de ser imediato, sobretudo a reacção. Qualquer decisão ou, até mesmo, qualquer palavra de um político passou a ter impacto em tempo real nos mercados financeiros.

Duarte Líbano Monteiro, director -geral da Ebury

Até aqui nada de novo. Mas até que ponto estes acontecimentos impactam a vida real das empresas? E será que estes factores são ponderados pelos principais agentes económicos e empresários?

Não são apenas gráficos, nem números sem significado. A velocidade da informação causa movimentos imprevisíveis nos mercados e o tempo de reacção de empresas expostas ao mercado cambial é, em muitos dos casos, inexistente, sendo assim fundamental prevenir. Uma empresa que exporta ou importa e tem recebimentos ou pagamentos em moeda diferente do euro tem uma exposição ao risco cambial que, se não for acautelado/gerido de forma prudente, pode implicar fortes perdas na sua margem comercial e, portanto, no seu balanço, pelo que é recomendado trabalhar previamente em estratégias de mitigação de riscos.

Basta pensar na recente desvalorização da libra esterlina provocada pela aprovação surpreendente em referendo, em Junho de 2016, do Brexit, e que obrigou inúmeros grupos empresariais a rever em baixa os resultados. Precisamente porque não estavam preparados. Habitualmente, a maior parte das empresas, expostas a estes riscos, tem uma série de seguros para cobrir parte ou a totalidade da sua exposição anual de divisa estrangeira.

Ferramentas de cobertura de risco cambial como forwards permitem garantir a taxa de câmbio para o futuro e, dessa forma, eliminar a incerteza cambial e garantir a margem comercial do negócio.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) refere, sobre Portugal, que as exportações continuarão a ser a força impulsionadora do crescimento económico português este ano e no próximo. Naturalmente, as exportações e importações são também muito relevantes para os resultados de muitas empresas, sobretudo quando falamos de um mercado com a dimensão portuguesa.

Acreditamos, porém, que para a fórmula da internacionalização resultar, todos os factores têm de ser ponderados nos cálculos. Sejam riscos cambiais, de natureza política, legais e regulatórios, e até mesmo os riscos ligados à natureza de cada actividade devem ser acautelados, antes de se fechar negócio além-fronteiras…

Artigo publicado na revista Risco n.º 5, de Verão 2017

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