O risco dos Contratos por Diferença

Os CFD são um produto financeiro complexo, não cash, negociados em margem com elevado grau de alavancagem e que replicam activos subjacentes de várias classes como acções, ETF, índices, commodities, forex e provavelmente de todos os activos financeiros que se possa imaginar. São uma potente ferramenta de trading, capaz de potenciar ganhos de dimensão considerável, na mesma proporção em que pode conduzir a perdas.
A forma de funcionamento dos CFD assenta numa relação entre o investidor e o market maker, que acordam trocar entre si, em data futura deixada em aberto, a diferença entre o preço de compra de um determinado activo, que passa a constituir o preço de abertura do contrato, e o preço de fecho, que coincide a todo o momento com a cotação em mercado do mesmo activo subjacente, multiplicado pela quantidade negociada.
Em termos práticos, o que é alvo de negociação é apenas a variação do preço do activo – uma acção, por exemplo – e o seu preço de mercado a partir desse momento. Se a evolução for no sentido da posição aberta pelo investidor, dá origem a um ganho. Se o mercado for contra a estratégia do investidor, geram-se perdas.
Sendo um instrumento negociado em margem e com alavancagem, o investidor deve ter o cuidado de aprovisionar a sua conta com um montante suficiente para aguentar as oscilações do mercado, evitando ver a sua posição fechada compulsivamente por falta de margem.
Contudo, é importante colocar uma ordem de stop loss para limitar as perdas, não devendo deixar que o consumo da margem seja superior ao prejuízo que está disposto a suportar. A realização de ganhos (profit taking) pode ser fixada de início, pois a volatilidade deste produto não é compatível com uma gestão passiva.
O valor da margem requerida para negociar CFD corresponde a uma percentagem do valor nominal do investimento e depende do nível de risco do activo subjacente. Factores como a liquidez ou a volatilidade condicionam o valor da margem. Por exemplo, é natural que a margem exigida para negociar um CFD sobre um índice norte-americano seja inferior à que se exige para negociar uma acção de um país emergente. Esta informação está disponível na sua plataforma de trading, local de excelência para transaccionar este tipo de instrumentos.
Os CFD permitem igualmente replicar variações relativas de um título face a outro, entrando longo num e curto noutro, ganhando a diferença de variação (estratégia de long-short).
Outra das vantagens dos CFD é o facto de poderem replicar uma venda a descoberto (short selling). Se o investidor estiver convicto que o mercado vai cair, pode vender um CFD sobre um índice, uma acção ou qualquer outro activo que entenda, ganhando com a performance negativa desse activo. Deverá ter em atenção que, ao entrar numa posição curta, vai vender CFD, devendo fazê-lo no preço vendedor (ask), que neste caso é superior ao preço comprador (bid), ao contrário do que sucede quando assume posições longas.
Nem tudo são aspectos positivos e uma das ideias que um investidor em CFD deverá reter é que existe o risco de perder mais que o capital investido. Este risco é superior em activos subjacentes que apresentem grandes oscilações de preço, ou em momentos extremos de gaps de mercado, como o vivido no 11 de Setembro de 2001.
Apesar de a probabilidade de um fenómeno deste tipo acontecer ser reduzida, dada a existência de um mecanismo de protecção que encerra as posições de forma automática, convém não o esquecer. Os períodos mais críticos acontecem quando os mercados estão fechados, ao fim de semana, por exemplo, e abrem com um gap relativamente ao último preço negociado.

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