Até que a reforma os separe?

A relação laboral é uma espécie de casamento arranjado! Os “noivos” conhecem-se por “carta” ou através de alguém que vê vantagens na união, combinam a boda e passado pouco tempo dão o nó! A lua de mel pode correr melhor ou pior, consoante a “química” que os “cônjuges” desenvolvam e depois, passado o período da paixão, instala-se a rotina do matrimónio!

Nos dias que correm, na empresa moderna, espelho do mercado global e da sociedade contemporânea, o “casamento laboral”, depois do sim, traz também consigo a expectativa de como será a vida a dois.

A dinâmica que o “casal” estabelece e o que pode esperar um do outro é decisivo para a felicidade empresarial! E claro, como em todas as relações, há sempre as fases criticas, os altos e baixos, os problemas … e em muitos casos o “divórcio”!

Se antes o enlace laboral era um compromisso para vida, hoje em dia, com um mundo de oportunidades à disposição dos colaboradores, o empregador moderno tem necessariamente que fazer um “update” às suas tácticas de romance ou arrisca-se, seriamente, a ser trocado por outro na pior altura da sua empresa. É que nestas coisas do “amor”, passe-se o vulgarismo da expressão, “o corno é sempre o último a saber”!

Diga-se, no entanto e em abono da verdade, que a maioria destas “infidelidades” (se é que de facto granjeiam tão dramático título) são merecidas! O empregador que não cuida daquilo que é “seu” e que promove uma relação disfuncional em que só um dos lados é que “dá” não merece ser respeitado, por mais declarações de amor que faça! E é claro que, se ao invés, se comporta como uma daquelas motoretas Famel ou Zundap, que fazem muito ruído mas andam pouco, o fascino inicial perde-se e vai-se transformando em desencanto! E ninguém merece estar numa relação por comodismo, falta de alternativas ou, ainda pior, pena!

Claro é que também há relações que funcionam sem “sentimentos fortes”, os chamados “casamentos por conveniência”, em que os “cônjuges” continuam juntos por questões patrimoniais, sociais ou outras que normalmente assistem a, chamemos-lhe assim, “funções mais públicas” e que encontram a sua justificação na distância entre os consortes, numa declarada falta de comunicação ou na necessidade de segurança (ou apego a essa ideia) desenvolvida!

Mas também há “casamentos felizes”, e dê-se graças por isso, que nos alimentam a esperança e os que, não resultando, acabam em separações amigáveis que resultam em amizades sedimentadas em respeito mútuo!

É que o “amor”, nestes casos do matrimónio laboral, vem quase sempre em forma de salário! E todos sabem que, mais cedo ou mais tarde, quando alguém se sente mal amado vai procurar o “afecto” que lhe falta (e que todos precisam) onde lho dão! É o reverso da medalha da independência e da mobilidade laboral…. é contraproducente ao desenvolvimento de afectividades prolongadas!

Por Isolda Brasil

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