Será do azeite?*

Isolda BrasilTenho andado a pensar amiúde neste problema dos países mediterrânicos, que são sempre muito mais afectados pela crise e pela corrupção do que os países nórdicos, cujas economias são mais estáveis, as governações mais transparentes, não há corrupção (pelo menos assim à descarada) e pergunto-me, tal como acredito que muitos de vós já o tenham feito: será do azeite?

Ainda cheguei a ponderar se seria genético ou alguma espécie de alergia ao sol (hipótese que ainda não pus de parte), dado que a maioria dos países soalheiros tem esta acentuada tendência para o facilitismo e para a corrupção, mas o problema do buraco do ozono e a difusão dos produtos de protecção solar fizeram-me ficar de pé atrás e, após muita reflexão séria e criteriosa, eis que me ocorreu se não seria a dieta mediterrânica a provocar nos nossos governantes este estado de espírito manhoso, esta compulsão para a defraudação do erário público, esta desonestidade constante e esta despreocupação com a coisa pública!?

É bastante lógico, não é? E as evidências são como água para chocolate! A Grécia está uma verdadeira salada trágica (sem feta para ninguém, mas com um coro de desgraças) e a Itália, em termos de governantes corruptos, coze qualquer outro país al dente e sem sequer ter de recorrer a full time jobs! Imagine-se o estrago se o Berlusconi, em vez de governar o país em part time, se tivesse lembrado de pôr a mão na massa e tivesse feito horas extraordinárias! O caldo, para além de entornado, estaria azedo! Já a Espanha é aquela tortilha! Também está em recessão económica, tem uma taxa de desemprego das mais altas da Europa e a dívida soberana está mais fria que um gaspacho, mas mesmo assim tem um percurso menos “caramelizado” que os seus vizinhos mediterrânicos e os governantes não parecem fazer tanta farinha. E isto porquê? Porque o azeite deles, verdade seja dita, não deixa água na boca!

E continuando com a vaca fria temos Portugal, que é a sardinhada que se sabe! É que com tanto buraco orçamental nem vão sobrar os miúdos para o arroz! Andámos anos e anos em banhomaria e agora, por mais que se ponha água na fervura, isto parece uma pescadinha de rabo na boca, porque afinal são sempre os mesmos a pagar o pato. Os contribuintes estão mais espremidos que as carnes de uma linguiça e cada vez mais convencidos de que andam a comer gato por lebre, o que é no mínimo indigesto, ainda mais agora com a açorda que vai nas contas da Madeira! E como se isso não bastasse, o Alberto João Jardim ainda continua a tentar comer as papas na cabeça de toda a gente negando as evidências e pedindo a independência para a Madeira (o que não deixa de ser hilariante). Ora bananas, é o que tenho a dizer quanto a isto! O culpado é o azeite!

E para os que, ainda assim, continuam a pensar que não é por aí que o gato vai às filhós, veja-se o exemplo dos países nórdicos! Não há cá (lá) azeites! Os governantes são eleitos para servir o povo e é isso que fazem e sempre de uma forma muito transparente, porque lá não se enche a pança à conta do contribuinte. Os serviços são eficientes e cumprem-se as regras, não há cá (lá) batatinhas, a não ser na salada. Os países não se afundam em dívidas e os impostos são como as Wurst: há para todos os gostos, embora o feitio seja sempre mais ou menos o mesmo. É que nestes países, talvez por causa do salmão, a carne dos governantes não parece ser tão fraca e são os contribuintes que têm a faca e o queijo na mão!

Mas não vale a pena chorar sobre o leite derramado, porque já só nos resta mesmo comer o pão que o diabo amassou… se bem que, vendo bem o fundo ao tacho, não há quem me tire da cabeça que o azeite vem sempre ao de cima!

* Porque se fosse do vinho este texto teria sido escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico… hip!

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