A Arte da Gestão
Da Gestão, e de uma perspectiva leiga, pode dizer-se que é, em boa verdade, uma arte! Gerir é, pese embora os conhecimentos que lhe estão associados, definir estratégias, liderar pessoas e correr e assumir riscos! O que requer obviamente uma boa dose de talento, enfim, daquele savoir faire que distancia uma Pietá do artesanato das Caldas!
Do Gestor, e por tudo isto, espera-se que seja, naturalmente, um artista! E há-os, no bom e no mau sentido, com mais e menos dotes, porque o artesanato também é arte!
Nos tempos que correm, em que a Crise é musa para todas as inspirações, há que reconhecer o engenho e a criatividade de muitos “artistas” que por aí andam.
Desde pequenos restaurantes que servem refeições adaptadas ao momento económico, com pratos que falam por si como “Crise 1″( um ovo estrelado com batatas fritas) e “Crise 2” (dois ovos estrelados com batatas fritas),para os bolsos mais recheados, até grandes empresas que adoptam medidas de contenção que vão desde os cortes salariais à adopção de gestos simples e quotidianos que marcam a diferença nas contas ao fim do mês, o que é preciso é criatividade!
Claro está que ao artista a quem Deus não dotou de um pingo de talento nem mesmo o melhor dos mestres ensinaria a desenhar um ponto no meio de uma folha! A este propósito dos artistas menos dotados, há no entanto que referir que a ausência de jeito nesta área, a da Gestão com “letra grande”, tem naturalmente de ser compensada (e é-o em muitos casos) com talentos noutras.
Em muitos casos estes pretensos artistas são abençoados ou agraciados com o dom da palavra (que também é em si uma arte), o chamado Gestor
Papagaio, ou com uma habilidade fenomenal para se esquivarem de decisões e responsabilidades, o Gestor Lucky Luke (mais rápido que a sua própria sombra), ou ainda mesmo, e apenas, sem outra habilidade que não a de estar no lugar certo à hora certa e ter uma sorte fora do normal! É o chamado Gestor I
luminado, que foi bafejado pela fortuna e tem a protecção dos deuses…sem que na verdade ninguém consiga arranjar uma explicação minimamente decente (nem se pense sequer em racional) para o facto. É o chamado lado esotérico da Gestão. Ninguém acredita nele, mas que lo hay, lo hay!
Mas apesar de tudo, o grande problema do mau artista é, na verdade, para além do mal que faz à empresa dado que isso eventualmente acaba por acontecer, o tormento por que faz passar quem tem que trabalhar com ele.
Estudos recentes provaram que um chefe imbecil aumenta exponencialmente o risco de problemas cardíacos! Isto é grave! Anda uma pessoa a fazer exercício, a privar-se de doces e fritos…e depois é isto? Apanha com um idiota no trabalho, porque não tem outro remédio, e ainda aumenta inevitavelmente o risco de ter problemas de coração. É desumano! No mínimo!
Por isso, nesta época difícil que a E conomia atravessa, uma boa medida a adoptar pelas empresas, para fomentar o empenho dos colaboradores e livrarem-se de muitos iluminados, era fazer um check up aos funcionários.
Um elevado número de colaboradores com problemas cardíacos, ou risco de os virem a desenvolver, seria indicativo da existência de, pelo menos, um imbecil na gestão.
Seria uma win win situation, pois para além da empresa demonstrar preocupação pela saúde dos seus colaboradores, o que os sensibilizaria, também comprovava que a causa de muitos dos seus problemas era intrínseca. Localizá-la, a seguir, não careceria de dotes de Sherlock Holmes, mesmo porque toda a gente sabe que foi o Mordomo!