O Paraíso dos Centros Tecnológicos

No último ano, surgiu uma nova vaga de centros tecnológicos em Portugal. A qualidade dos recursos humanos e de vida é um dos principais motivos apontados pelas multinacionais para a escolha do País para desenvolver novos produtos e serviços para consumo interno e de terceiros. Fomos conhecer três dos casos mais recentes para perceber o que é que Portugal tem para se afirmar como o novo hub tecnológico da Europa.

Texto de Helena Rua

Euronext

Paulo Rodrigues da Silva, CEO da Euronext, fala de milissegundos, de algoritmos, algo que difere muito da imagem romântica de um “chão de Bolsa” repleto de brokers aos gritos com papéis numa mão e telefone na outra. Outros tempos. No Porto há cerca de um ano, o centro tecnológico estava anteriormente em Belfast mas o modelo federal da Euronext ditou a mudança. «A Euronext quer ser uma Bolsa pan-europeia e estender as suas actividades, mas tentando aproveitar competências de cada país que vão além de simplesmente gerir o seu mercado.

A tentativa é sempre colocar actividades horizontais para o grupo todo nas localizações onde também operamos uma Bolsa», afirma Paulo Rodrigues da Silva. Belfast não encaixava nesse modelo. «Não existe Bolsa na Irlanda do Norte. Portanto, a primeira decisão foi querer ter a tecnologia próxima de um dos países onde operamos uma Bolsa, que são França, Bélgica, Holanda, Portugal e Inglaterra», conta.

Accenture

A Accenture não é novata no que se refere à implementação de Centros de Tecnologia em Portugal. O primeiro Delivery Center da consultora no País foi inaugurado em Lisboa, em 2014, e conta com uma equipa de cerca de 500 pessoas. O segundo, em Braga, abriu portas em Junho do ano passado e até ao final do ano deverá duplicar o número de colaboradores, que actualmente ronda os 120. Mas porquê Portugal e, mais especificamente, Braga?

Susana Mata, managing director da Accenture Technology e responsável pelos dois centros, afirma que agora «Portugal está na moda, mas durante muitos anos foi necessário vender muito o País e a capacidade, além de termos uma imagem um pouco cinzenta». Esta viragem, refere, aconteceu nos últimos dois anos. «O meu formato era estar permanentemente a vender Portugal, as nossas capacidades, o nosso centro. O que não quer dizer que hoje também não tenhamos que o fazer, mas aparecem-nos muitos clientes, colegas de outros países, que dizem que têm um cliente que quer vir para Portugal. Já é um destino que os próprios seleccionam,não temos que ser só nós a vendê-lo.

Temos muitas situações de clientes que vêm ter com a Accenture globalmente e estão interessados em Portugal. Claro que, enquanto centro, já temos uma determinada idade e criámos alguma reputação internamente, mas há uma outra componente que tem a ver com a imagem do país», refere Susana Mata.

Natixis

Uma das últimas empresas a inaugurar um centro de tecnologias em Portugal foi a Natixis, divisão internacional de banca empresarial e de investimento, de gestão de activos, de seguros e serviços financeiros do Groupe BPCE – Banque Populaire & Caisse d’Epargne. Inaugurado formalmente no Porto, em Março, o Centro de Excelência em IT foi um dos maiores investimentos de sempre em recursos humanos feito pela Natixis a nível global. «Em apenas um ano de actividade, a Natixis já contratou mais de 300 pessoas e pretende criar, até ao final de 2019, um total de 600 empregos qualificados nas áreas de tecnologia de informação em Portugal», todos internos e a grande maioria portugueses, afirma Nathalie Risacher, Senior Country Manager da Natixis em Portugal, acrescentando que mesmo os colaboradores de outras nacionalidades foram todos recrutados em território nacional.

A escolha do País resultou de um estudo exaustivo levado a cabo pela empresa em vários países europeus. Entre os critérios tidos em conta nesta análise, estiveram a educação, inovação e empreendedorismo, a proximidade cultural com França e o mindset internacional. «Em França», acrescenta Nathalie Risacher, «o mercado de trabalho de TI é muito limitado para o nível de internalização que pretendemos para a nossa empresa e, em Portugal, encontramos uma vasta pool de talentos de TI para reforçar e aumentar as nossas competências».

Leia este artigo na íntegra na edição de Abril de 2018 da Executive Digest.

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