ESPECIAL DIGITALIZAÇÃO: Accenture Portugal

ADN DE INOVAÇÃO

A Accenture tem vindo a transformar-se ao longo dos anos e hoje é quase uma federação de cinco negócios: Accenture Strategy – consultoria de estratégia, Accenture Consulting – consultoria de gestão, Accenture Technology – potencia a transformação digital através de tecnologias emergentes para reinventar aplicações e um novo modelo de TI, Accenture Operations – gestão de processos e operações inteligentes, e Accenture Digital que é transversal a todas estas áreas de negócio e que tem duas funções. «Somos uma espécie de embaixadores do “Novo” para o resto da empresa, faz parte também daquilo que é a nossa missão “contaminarmos” o resto da empresa com o que existe de mais inovador para garantir que nós, enquanto organização, também nos transformamos para o mundo que aí vem. Nestes temas da inovação nem todas as ideias, nem todas as tecnologias vingam, e é preciso conseguir testar vários futuros, vários conceitos e depois trazer os que funcionam para o resto da empresa», refere Pedro Pombo, managing director da Accenture e responsável pela Accenture Digital em Portugal. Por isso, a forma como a Accenture Digital está efectivamente arquitectada, quer do ponto de vista orgânico, quer do ponto de vista dos indicadores de negócio que segue para medir o seu sucesso, são diferentes do resto da firma para lhe dar um pouco mais essa latitude de estar no bleeding edge de inovação e de conseguir ter essa capacidade também de ir a mercado junto dos clientes colocando em prol deles toda essa arquitectura de inovação que a Accenture hoje em dia tem.

ADN INOVADOR

A inovação faz parte do ADN de toda a Accenture, não é apenas e só da responsabilidade da Accenture Digital, mas é efectivamente um programa global do qual fazem parte todas as linhas de negócio da empresa. De acordo com o managing director, foi criada «uma arquitectura de inovação que é composta por centros de investigação e desenvolvimento, por centros mais vocacionados para os clientes verem como é que este novo está a ser aplicado no dia-a-dia de determinados use case ou problemas de negócio, por digital hubs que a Accenture também tem espalhados pelo mundo inteiro e por áreas de research com profissionais dedicados à pesquisa de tendências de mercado e tecnológicas». Tudo isto serve não só para a Accenture, mas também para criar propostas de valor para os clientes. Esta arquitectura de inovação tem este duplo propósito.

A Accenture Digital tem três grandes áreas que são diferentes mas não são estanques entre si. Uma é a Accenture Interactive, que é uma espécie de agência digital – a empresa chama-lhe agência da experiência porque acredita que é através da criação de novas experiências e experiências que tenham valor para o utilizador final que se cria essa relação com os produtos e os serviços. «A Accenture Interactive já tem uma dimensão bastante considerável», refere Pedro Pombo, acrescentando que «é actualmente a maior agência digital do mundo e a que cresce mais rapidamente». Foca-se em experiência, em Marketing Digital, em Conteúdos, e em eCommerce.

Depois tem a área de Applied Intelligence – antes designada por Accenture Analytics – que foi lançada no início de Dezembro. É a combinação não só das disciplinas que já estavam endereçadas na Accenture Analytics – desde Business Intelligence mais tradicional até aos temas de Big Data, modelos preditivos e analítica avançada –, mas também das capacidades que a Accenture tem de Inteligência Artificial.

A terceira também foi uma inovação este ano e é designada por Indústria X.0. Está muito focada na área de indústria, mas especificamente em como se retiram algumas destas valências de analítica e outras de temas de IoT, de sensores, em prol da resolução de problemas específicos industriais.

Pedro Pombo indica que «são três áreas que por si só têm a sua valência, mas que são muito mais poderosas quando trabalham conjuntamente. Vivemos este processo contínuo de mudança que é desafiador, mas que nos permite ter sempre contacto com coisas novas. As pessoas que temos a trabalhar connosco na Accenture Digital são curiosas por natureza e com mentes irrequietas e que gostam muito de se reinventar e de desafios arrojados».

PROPOSTA DE VALOR

De acordo com o managing director, a Accenture Digital por si só também pode ir a mercado com um conjunto de soluções que tem específicas para cliente ou conjuntamente com outras áreas da Accenture. «Esta é uma proposta de valor diferenciadora quando comparada com parte da nossa concorrência porque não só conseguimos definir estratégias que já sabemos serem exequíveis de implementar no contexto do cliente, como temos a capacidade de ter uma ideia e levá-la até à execução e operação. Isto permite-nos criar novos tipos de parcerias com os nossos clientes. Não passa por fazer apenas aquele projecto tradicional, discreto, no tempo, mas conseguir dizer a um cliente que temos uma ideia que achamos que faz sentido para o seu negócio, que vai ter determinados impactos e que acreditamos tanto nisso que estamos dispostos a entrar numa relação de verdadeira parceria com riscos e benefícios partilhados. O que vamos ter é uma partilha dos benefícios futuros que daí podem advir. Isso mostra como se muda o mindset tipicamente de consultora para relações de parcerias de longa data com clientes que são mutuamente benéficas porque conseguimos acelerar processos de transformação, acelerar a inovação – é esse um pouco o nosso papel na Accenture, aceleradores de inovação –, e trazer esses resultados para os nossos clientes mais rapidamente. Temos alguns casos de clientes em Portugal que decidiram traçar este caminho connosco», afirma Pedro Pombo.

O managing director indica que as grandes empresas estão despertas para o facto de que é preciso fazer alguma coisa e chegaram a um grau de maturidade onde se aperceberam que não basta implementar tecnologias e esperar que a transformação ocorra.

Já as médias têm um papel muito interessante. Por um lado, «podem ter uma agilidade maior do que as empresas grandes para se transformarem, o que lhes dá uma vantagem do ponto de vista da adaptabilidade, por outro lado têm de saber pesquisar e inteirar-se destas tecnologias, desta inovação».

Ainda assim, esta abordagem não passa por esquecer tudo o que foi feito e partir completamente para o novo. «O negócio actual continua a ser aquele que paga as contas ao final do dia. O que é preciso é saber identificar onde é que vai estar o futuro ou conseguir testar esses diferentes futuros de uma forma controlada onde falhar não tenha um impacto devastador para aquilo que é o negócio do dia-a-dia. Passa por incubar o que vai ser o negócio de amanhã, ao mesmo tempo que se vai transformando o negócio de hoje», aconselha Pedro Pombo. Como? «Há um conjunto de soluções que permitem maior eficiência na forma como o dia-a-dia é operado – através da robótica, da automatização, da inteligência artificial – e que, por sua vez, libertam capital para investir naquilo que vai ser o futuro. Diria que é uma abordagem que tem tendência a ter mais sucesso do que apostas all in numa opção A, B ou C e que aplicável tanto a médias como a grandes empresas.

PARTILHAR CONHECIMENTO

Além de todo o conhecimento e inovação que vai desenvolvendo internamente, a Accenture tem ainda um conjunto de parcerias com diversas universidades em diferentes áreas, não só a Accenture Digital mas a Accenture como um todo. «Com as principais universidades portuguesas temos programas onde contribuímos com know-how dos nossos consultores e com isto fomentamos esta relação entre a Accenture e o mundo académico. Em alguns casos patrocinamos algumas iniciativas específicas», indica Pedro Pombo.

No caso das startups, este é um tema muito recente ou, pelo menos no que se refere a ter uma abordagem mais estruturada. «Trabalhamos com startups há já alguns anos, mas o que estamos a fazer agora é a implementar efectivamente, ancorados na nossa arquitectura de inovação, mais estrutura, onde não seja só a utilização de uma determinada startup num projecto que temos para um cliente mas fazermos parte do ecossistema, contribuir para o ecossistema e sermos reconhecidos como uma peça-chave em determinadas áreas do ecossistema de inovação em Portugal», adianta Pedro Pombo. Para isso, a Accenture está a desenvolver um programa que permite que as startups tenham um eco dentro daquilo que é a rede mundial da Accenture. «Estamos a fazer as Innovation Sessions, em que as startups vêm à Accenture e mostram um pouco qual é a sua oferta de produtos e serviços, como é que podem relacionar-se com a Accenture, como podemos trabalhar em conjunto. Isto serve não só para que nos conheçamos mutuamente, mas para que as pessoas que vivem nas indústrias da Accenture conheçam aquilo que existe de bleeding edge de inovação e consigam efectivamente perceber que uma solução de uma determinada startup, mais o que há in house, permite criar uma proposta de valor muito interessante para o cliente. É importante este contacto porque permite a construção de novas propostas de valor que não seriam possíveis. É interessante também porque ajuda-nos a refrescar os nossos próprios colaboradores com um banho de inovação que têm garantidamente todos os meses e é importante para as startups porque conseguem também ter acesso a um conjunto de clientes à escala mundial», indica Pedro Pombo.

Uma outra área que não é tão conhecida em Portugal mas que a Accenture tem à escala mundial é a Accenture Ventures, que realiza investimentos em startups que estejam em growth stage. «O foot print da Accenture é interessante porque as startups que nascem no ecossistema nacional têm como ambição não apenas Portugal mas o mundo. Portanto, conseguimos abrir essas portas do ponto de vista internacional, o que é uma mais-valia, porque somos efectivamente uma empresa global. Temos muita facilidade e muitos contactos a nível global para agilizar esse tipo de situações», afirma o managing director. Além disso, tem também programas de inovação à escala global em várias áreas que se relacionam também com outros pólos e com outros ecossistemas de inovação que existem noutros países. «Se pensarmos nas diferentes capitais europeias, todas elas têm um “travo” ligeiramente diferente do ponto de vista da inovação. Olhamos para Londres e é a capital das fintech, em Madrid estão muito focadas no ecommerce, olhamos para Portugal e aquilo que achamos que caracteriza o nosso ecossistema é que todas estas novas startups que têm vingado de uma forma ou de outra utilizam Inteligência Artificial ou alguma das suas disciplinas como parte integrante da solução que têm. É algo em que nós, enquanto Accenture, podemos ter um papel bastante interessante já que podemos ajudar a explorar essa característica comum presente no ecossistema nacional», conclui Pedro Pombo.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º141 de Dezembro de 2017.

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