Acender a luz no lobby em Portugal

joao_duarte_No final de Janeiro, o Grupo Inforpress organizou, em conjunto com a Associação Comercial de Lisboa, a primeira conferência em Portugal sobre Lobby e Public Affairs no contexto europeu.

contou com a presença do Eurodeputado Paulo Rangel, do Chefe de Unidade DG Empresas e Indústria da Comissão Europeia, Luís Filipe Girão, e do Presidente da Consultora de Public Affairs e former Vice-Chairman da European Public Affairs Consulting Association, Jean-Leopold Schuybroek.

As conclusões foram bastante interessantes e, entre vários aspectos focados pelos intervenientes, há alguns que dão, de facto, muito que pensar: todos os dias são tomadas decisões em Bruxelas, nomeadamente no Parlamento Europeu (PE) e na Comissão Europeia (CE), que afectam directamente a actividade das empresas; o trabalho do PE é preparar medidas que resolvam problemas que vão surgir daqui a 5/6 anos; Portugal está muito atrasado no domínio do Lobby e Public Affairs e perde bastante com essa postura; diariamente circulam centenas de Lobistas nos corredores do PE e da CE e é raro “tropeçarmos” num português.

Estas são, apenas, algumas das mensagens que os três speakers deixaram às dezenas de participantes e que deixa uma dúvida no ar: “O que ainda será preciso fazer para que os empresários e gestores portugueses façam click e acendam a luz relativamente à importância fundamental do Lobby e Public Affairs?”. De facto, quando sabemos que 6 em cada 10 leis nacionais são “fabricadas” na União Europeia e que 70% do Direito Comunitário afecta o modus operandi das nossas empresas é inevitável colocar esta questão.

Infelizmente, o Lobby continua a ter uma conotação algo negativa no nosso país e, talvez por isso, quem o faça não o assuma e quem não o faça seja, justamente, por temer ser acusado de práticas “pouco claras”. É necessário esclarecer, de uma vez por todas, que a actividade de Lobby, quando praticada por profissionais, é completamente transparente e nada tem de interesses obscuros. O Lobista, na sua essência, quer defender interesses e, para isso, prepara informação e expõe, perante os decisores, pontos de vista objectivos. O que pode haver de pouco claro nesta actividade?

Lobby e Public Affairs só podem ser correctamente praticados em sociedades democráticas e altamente reguladas, onde pisar zonas cinzentas são riscos desnecessários e que os profissionais preparados não o fazem. É assim na maioria dos estados-membros da UE e isso mesmo foi transmitido pelos speakers do evento. Talvez por isso, Portugal esteja a perder terreno em matérias tão vitais para a sua economia como a agricultura ou os transportes. De facto, enquanto os nossos empresários não acenderem a luz no Lobby e se clarifique a importância e transparência da actividade, dificilmente sairemos da penumbra.

POR JOÃO DUARTE

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