Ferramentas de motivação para empresas e colaboradores

tema_de_capa_ed_Quando falamos de motivação enfrentamos um abismo entre o que a ciência sabe e o que o mundo dos negócios aplica.

O sistema operativo actualmente em uso – assente em motivações extrínsecas, do tipo cenoura e chicote – não só não resulta, como chega a ser prejudicial. Estamos a precisar de uma actualização, e a ciência sabe que tipo de actualização deve ser. A nova abordagem tem de ter em conta três elementos: 

1. A autonomia – o desejo de determinar as nossas próprias vidas;

2. A mestria – o desejo de melhorar cada vez mais numa coisa que consideramos importante;

3. O sentido – o desejo de que aquilo que fazemos se integre em qualquer coisa superior aos nossos interesses pessoais.

Um novo sistema operativo – Ascensão e queda do Motivação 2.0

As sociedades, tal como os computadores, têm sistemas operativos – um conjunto de instruções e protocolos, basicamente invisíveis, sobre os quais tudo funciona. O primeiro sistema operativo – chamemos-lhe Motivação 1 – tinha como objectivo a sobrevivência. O seu sucessor, o Motivação 2.0, foi assente em recompensas extrínsecas e punições. Para as tarefas de rotina do século XX funcionou bem. No entanto, no século XXI, o Motivação 2.0 está a revelar-se incompatível com a maneira como organizamos aquilo que fazemos, como pensamos o nosso trabalho e o fazemos. Estamos a precisar de uma actualização.

Sete razões por que as cenouras e o chicote muitas vezes não resultam

Quando as cenouras e os chicotes se cruzam com a nossa terceira motivação começam a acontecer coisas estranhas. As recompensas tradicionais, de tipo condicional, acabam por produzir resultados contrários aos desejados. Podem anular a motivação extrínseca, piorar o desempenho, esmagar a criatividade e prejudicar todo o nosso comportamento. Além disso, acabam por ter efeitos realmente indesejáveis: encorajar comportamentos não éticos, criar dependências e encerrar a nossa capacidade de projectar o futuro nos limites dos cálculos de curto prazo. São os bugs do nosso actual sistema operativo.

… e as circunstâncias especiais em que resultam

As cenouras e os chicotes não são assim tão maus. Quando estão em causa tarefas de rotina podem ser muito eficazes – uma vez que não está envolvida uma motivação intrínseca que possa ser prejudicada nem uma grande criatividade que possa ser esmagada. Além disso, podem ser ainda mais eficazes se aqueles que as prometem oferecerem uma justificação da sua necessidade, reconhecerem que as tarefas em questão são aborrecidas e derem a quem as executa o máximo de autonomia. Quando as tarefas em causa são conceptuais e únicas, e não de rotina, as recompensas são muito mais perigosas – em particular as do tipo condicional. Já as recompensas ocasionais, dadas depois de uma tarefa ser completada, podem por vezes adequar-se a tarefas mais criativas, do lado direito do cérebro, em especial se forem acompanhadas de informações úteis relativas ao desempenho.

O tipo I e o tipo X

O Motivação 2.0 encorajava e dependia do comportamento de tipo X – um comportamento mais motivado por desejos extrínsecos que por razões intrínsecas, e menos explicado pela satisfação intrínseca com uma actividade que com as recompensas extrínsecas que ela proporciona. O Motivação 3.0, a actualização de que precisamos para o bom funcionamento da actividade económica do século XXI, assenta e depende do comportamento de tipo I. Este último tem menos a ver com as compensações proporcionadas por uma actividade que com a satisfação intensa com a própria actividade. Para ter êxito profissional e obter realização pessoal com o trabalho, temos de nos afastar e ajudar os nossos colegas a afastarem-se do tipo X e a adoptarem o comportamento de tipo I. Mas nem tudo são más notícias: o comportamento de tipo I aprende-se, não está escrito no destino à nascença, além de conduzir a um desempenho de melhor qualidade e contribuir para a saúde e o bem-estar geral dos que o praticam.

Tipo I para indivíduos nove estratégias para o motivar

As pessoas de tipo I fazem-se, não nascem feitas. Embora o mundo esteja repleto de motivações extrínsecas, há muitas coisas que está nas nossas mãos fazer para produzir mais autonomia, mestria e sentido no nosso trabalho e nas nossas vidas. Aqui ficam nove exercícios para o encaminhar na boa direcção.

Faça um «teste de fluxo»

Mihaly Csikszentmihalyi fez mais do que descobrir o conceito de «fluxo»; também introduziu uma nova técnica muito engenhosa para o medir. Csikszentmihalyi e a sua equipa da Universidade de Chicago equiparam os participantes nas suas experiências com pagers electrónicos. Depois enviaram mensagens às pessoas a intervalos aleatórios (mais ou menos oito vezes por dia) ao longo de uma semana, pedindo-lhes que descrevessem o seu estado de espírito nesse momento. Em comparação com os métodos anteriores, verificou-se que estes relatórios em tempo real eram mais honestos e reveladores.

Se quiser, pode usar a inovação metodológica de Csikszentmihalyi na sua própria busca de mestria fazendo a si mesmo um «teste de fluxo». Programe o seu computador ou o seu telemóvel para o alertar quarenta vezes a intervalos aleatórios ao longo de uma semana de trabalho. Cada vez que o seu aparelho apitar, escreva o que está a fazer, como se está a sentir e se está em «fluxo». Registe as suas observações, observe os padrões e considere as seguintes perguntas:

Quais foram os momentos que produziram sentimentos de «fluxo»? Onde estava nesse momento? Em que trabalhava? Com quem se encontrava?

PARA LER O ARTIGO NA ÍNTEGRA CONSULTAR EDIÇÃO IMPRESSA Nº60

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