A Google vai entrar nos anúncios de emprego?
Por Manuel Falcão, director-geral da Nova Expressão – Planeamento de Media e Publicidade
Desde há anos o LinkedIn tem sido o site de referência para profissionais, usado por empresas, head hunters ou consultores de recursos humanos.
Quem quer mudar de trabalho e procurar oportunidades, ou apenas contactar de forma simples os seus pares, tem no LinkedIn uma ferramenta preciosa. Nos últimos tempos o LinkedIn introduziu alterações que tornam o acesso e a ligação a outras pessoas mais fáceis; e permite, de forma mais simplificada, a informação sobre lugares disponíveis – quer de forma gratuita, quer através de publicidade. No mês passado, a Google anunciou que vai entrar neste mercado e introduziu o Google for Jobs que permite pesquisar oportunidades de emprego através do seu motor de busca. Para além de entrar em competição directa com o LinkedIn, a nova ferramenta é também uma ameaça ao negócio de classificados de emprego das empresas de media e às de recrutamento. Com base nos sistemas de que a Google já dispõe, o Google for Jobs permitirá indexar a informação sobre oferta de empregos online, fornecendo pesquisas com grande capacidade de segmentação.
Será fácil encontrar informação sobre que habilitações profissionais são mais ou menos procuradas, as que são mais necessárias em determinada cidade ou que trabalhos estão disponíveis para determinada faixa etária. Na realidade, o que a Google está a fazer é expandir os seus serviços baseados no know how que tem, agregando oferta, mostrando de forma precisa a descrição dos empregos pretendidos ou propostos. Por outro lado, fomentando a integração com ferramentas como o Google Maps permitirá pesquisas mais sofisticadas, como procurar oportunidades na zona de residência. Mais uma vez a Google não perde a oportunidade de se manter no dia-a-dia dos utilizadores, procurando conquistar para o seu universo mais tempo no percurso online quotidiano das pessoas. Finalmente, a Google cria mais uma poderosa alavanca para aumentar as receitas publicitárias, oferecendo publicidade segmentada às empresas que procuram recrutar com parâmetros bem definidos.
ATÉ ONDE VAI CHEGAR A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL?
Aos poucos o desenvolvimento dos sistemas de Inteligência Artificial (IA) começa a invadir todas as áreas. Se é certo que o essencial dos esforços aponta para o desenvolvimento dos carros auto-conduzidos, começam a surgir sinais de que na área empresarial e da gestão podem acontecer grandes alterações. O software empresarial ajuda ao controlo dos processos, facilita a comunicação, assegura o cumprimento de várias tarefas. Como será daqui a uma década? Um estudo recente indica que surgirá uma alteração do paradigma – as máquinas deixarão de ser auxiliares dos humanos e podem ser os humanos a ser os auxiliares das máquinas e dos sistemas. O estudo indica que a presença humana vai ser fundamental para fazer escolhas e tomar decisões, mas muitas tarefas de gestão desempenhadas por pessoas vão ser realizadas por máquinas com softwares de nova geração.
POR QUE É QUE A AMAZON COMPROU A WALMART?
A maior empresa do mundo de comércio electrónico, a Amazon, comprou por 13,7 mil milhões de dólares um dos gigantes do retalho, a Whole Foods, líder no segmento de venda de produtos alimentares
Desde há alguns meses surgem sinais de que a Amazon está a ensaiar lojas físicas – a começar por livrarias, curiosamente com o produto que esteve na origem do seu negócio. Mas há razões para isto – há algum tempo foi lançado o Amazon Fresh, que vende produtos frescos, e a Amazon pretende utilizar as 440 lojas da Whole Foods como rede de suporte logístico à operação nos EUA. Isso vai expandir o seu negócio, permitindo vender não só no segmento B2C como entrar no B2B. Por último, a Amazon acredita que ao multiplicar o seu inventário de venda reforçará a frequência do contacto com os clientes – muitos passarão a contactá-la diariamente e a fornecer mais dados, o que permitirá fidelizá-los, ainda por cima no seu ecossistema – onde o novo Echo, o seu aparelho de reconhecimento de voz, vai ter um papel fundamental.
Este artigo foi publicado na edição de Julho de 2017 da revista Executive Digest.