10 tendências para os próximos 10 anos
A DHL Supply Chain, grupo Deutsche Post AG, realizou recentemente um estudo sobre a realidade do mundo, do consumidor e do sector da logística dentro de dez anos.
A DHL Supply Chain, líder de serviços de logística em Portugal, vem com este estudo internacional intitulado “Delivering Tomorrow”, responder a algumas questões importantes para a preparação para esta nova década:
- Qual será a mudança de comportamento do consumidor entre hoje e 2020?
- Que política e condições económicas em geral vão influenciar o comportamento das empresas e indivíduos?
- Qual a estratégia que as empresas têm de começar a planear para responder ao cenário de 2020?
O estudo “Delivering Tomorrow” seguiu o método de Delphi, um método sócio – cientifico que recorre ao conhecimento e experiência de uma amostra de especialistas cuidadosamente seleccionada. As previsões são baseadas nos resultados quantitativos de um questionário inicial, aplicado a 900 experts da indústria (maioritariamente executivos e gestores de topo europeus). Posteriormente estes resultados foram analisados e validados via debate qualitativo de um painel de especialistas que contou com a presença de Presidentes de empresas internacionais, académicos de Economia, Prospectiva e Logística. Da combinação da pesquisa quantitativa e análise qualitativa, surge o futuro.
O MUNDO vai evoluir e a economia vai crescer:
1) As alterações climáticas vão tornar-se na grande questão, no grande desafio, na grande preocupação, desencadeando uma verdadeira “revolução verde” dos produtos e serviços. A produção de energia sustentável está no limiar de uma nova descoberta e avanço;
2) O fosso económico vai crescer no mundo inteiro, aumentado a possibilidade de conflitos sociais, que serão suprimidos com sucesso através de avultados investimentos em segurança;
3) A China será o incontestado líder do crescimento económico e juntar-se-á ao ranking dos líderes mundiais na tecnologia.
No campo das alterações climáticas, um dos efeitos mais impressionantes será o derretimento das calotes polares do Ártico, abrindo novas rotas de transporte, como por exemplo o degelo na já famosa passagem do Noroeste, tornando-se numa rota marítima directa e importante entre a Europa e a Ásia, segundo a opinião de 36% dos inquiridos. Estes consideram que tal acontecimento se vai verificar. Existem ainda 41% dos inquiridos que colocam a possibilidade de ocorrência. Estes consideram que a mesma acontecerá a longo prazo, em 2020 ou até nos anos seguintes.
A maioria dos inquiridos, 61%, considera também que as medidas de controlo das emissões de CO2 vão ser impostas à escala global, tornando-se num padrão característico de produtos e serviços, manifestando-se este acontecimento em 2015 ou 2020. Apenas 11% dos inquiridos vê esta realidade como improvável.
No que diz respeito à economia mundial, 61% dos participantes do estudo acreditam definitivamente que a questão dos preços do petróleo não é um fenómeno transitório e que os preços continuarão a subir e provavelmente duplicar, tendo como base o pico máximo alcançado no passado ano de 2008. Os inquiridos consideram ainda que este acontecimento poderá verificar-se já em 2015, indicando um desenvolvimento positivo da economia. Só 7% dos inquiridos não considera provável que os preços dupliquem.
A economia vai também conhecer uma nova realidade – o comércio Asiático será o centro da economia e tornar-se-á mais importante que o comércio Europeu e Norte-Americano. Cerca de 43% dos profissionais inquiridos vê este desenvolvimento possível e 36% considera-o mesmo provável. Apenas 21% não acredita nesta possibilidade.
O crescimento económico registado em 2020 terá um líder incontornável: A China e a Singapura, em vez da Europa e dos EUA. Os países asiáticos irão formar maior número de engenheiros do que os países ocidentais. 39% dos profissionais que participaram no estudo concordam com este cenário e 10% afirma que será mesmo real. Outros 32% consideram possível de se registar. Apenas 29% se considera céptico ou rejeita por completo esta hipótese.
Outro poderoso da economia vai ser a Rússia, que utilizando os seus vastos recursos naturais, conseguirá impulsionar cada vez mais a sua economia. É esta a crença de grande parte dos inquiridos (57%) que considera tal desenvolvimento como provável e/ou definitivo. Seguindo esta tendência, 33% dos profissionais considera que é possível registar-se este desenvolvimento.
O novo CONSUMIDOR, com novas necessidades e expectativas:
4) A internet vai transformar o comportamento e expectativas do consumidor a uma escala mundial – individualização, transparência, disponibilidade e rapidez serão as palavras de ordem;
5) Ser “amigo do ambiente” e consumir de forma consciente vai determinar o comportamento de compra;
6) Comodidade, conforto e simplicidade serão os requisitos fundamentais;
7) A comunicação cara-a-cara permanecerá uma prioridade.
O consumidor de 2020 será um consumidor atento às questões climáticas, sendo para ele obrigatório o consumo e recurso a produtos e serviços amigos do ambiente, que provoquem reduzida emissão de CO2. Os consumidores querem aliar as suas escolhas (que lhes garantem conforto, simplicidade e rapidez) à sustentabilidade ambiental e exigem que os serviços e produtos os ajudem na procura desse equilíbrio. Um exemplo claro será a mobilidade. A maioria das pessoas continuará a deslocar-se no seu automóvel e não em transportes públicos. O consumidor procurará o transporte individual, o automóvel, equipado com motores e tecnologia nova e mais eficiente. É esta a opinião da esmagadora maioria do painel de profissionais inquiridos, com 86%, enquanto apenas 3% consideram improvável de se verificar.
Outro dos acontecimentos em 2020 será a omnipresença da internet que irá ditar novos comportamentos do consumidor. As pessoas estarão sempre na internet, rodeadas de aplicações “easy-to-use” e de “virtual smart agents” que as auxiliam automaticamente nas suas actividades diárias, filtram a informação e as orientam. A maioria (60%) considera que este acontecimento se vai verificar, esperando que se registe a médio prazo – até 2020, enquanto 29% vê a situação como possível. Apenas 11% não encara esta realidade como alcançável.
Apesar desta omnipresença da internet, os consumidores não vão dispensar o “aconselhamento individualizado”, isto é, ao lidar com as empresas, os clientes vão querer sentir que as informações e serviços são adaptados às suas necessidades e desejos particulares. Assim, os clientes vão insistir em ter como ponto de contacto outra pessoa e não um computador, robot ou máquina. Esta realidade é viável para 37% dos participantes, que concordam com o cenário descrito, e para 34% que o consideram uma possibilidade. Esta maioria acredita que em 2020 este cenário já seja uma realidade. Apenas 29% dos inquiridos discorda com esta previsão.
O Sector da LOGÍSTICA vai crescer e sofrer alterações:
As empresas de logística vão registar no novo mundo de 2020 um crescimento dos seus negócios fruto das alterações que vão ocorrer ao nível da economia mundial, sector empresarial, sociedade e comportamento do consumidor. Os desafios serão muitos, mas o sector da logística terá um papel fulcral em 2020:
8) A indústria da Logística vai transformar-se em ” criador de tendências”, estabelecendo novos padrões para a cooperação entre empresas e para gerar negócios amigos do ambiente;
9) O Offshoring e o Outsourcing vão criar novas oportunidades – a cadeia de valor vai expandir-se em todas as direcções, indo de encontro aos serviços relacionados com logística;
10) Os fornecedores de logística vão desenvolver fortemente a sua componente de “consultoria” – a sua complementaridade irá oferecer serviços de valor acrescentado.
Um dos principais factores que vai contribuir para o crescimento da indústria da logística será o aumento do transporte de volumes/encomendas. O aumento do comércio via internet, a individualização dos produtos e o desenvolvimento de novos mercados, deixa adivinhar um grande potencial de crescimento, acompanhado de grandes desafios.
A maioria dos profissionais que participaram neste estudo estão convencidos que a indústria da logística está bem preparada para o enorme aumento do volume de dados, e que saberá adaptar a estrutura e processos de logística às novas necessidades. As estruturas serão muito flexíveis e avançadas tecnologicamente. Assim, quando questionados sobre a hipótese do sector da logística a nível internacional vir a atingir os seus limites de capacidade com os custos de coordenação, recolha de dados, fluxo de informação, administração e gestão, a maioria dos participantes (75%) são unânimes em considerar que esta situação é improvável ou mesmo impossível.
Tendo em conta as exigências ambientais que se impõem à sociedade e empresas, a indústria da logística vai conhecer um novo modelo de negócio, onde será necessária a colaboração directa entre empresas concorrentes. Só assim conseguirão desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis, que resultem numa melhor gestão dos crescentes custos da energia. Esta é a opinião esmagadora de 70% dos inquiridos, que tendem a concordar com este cenário. Já 23% chega mesmo a considerar esta situação como definitiva, enquanto apenas 6% a consideram pouco provável ou impossível de se verificar. A maioria acredita que este cenário seja uma realidade até 2015.
As empresas de logística, mesmo colaborando com empresas concorrentes na procura de soluções inovadoras e sustentáveis, vão ter de suportar uma extensa factura com as questões ambientais. Os “custos ecológicos” serão uma realidade (por regulamentações governamentais e exigência dos consumidores) e vão marcar presença nos balancetes das empresas. 53% dos participantes do estudo considera provável que esta situação seja uma realidade em 2020, existindo ainda uma larga percentagem de inquiridos (38%) que acredita ser uma realidade possível. Apenas 1% dos inquiridos considera ser impossível tal situação acontecer.
A indústria também saberá adaptar-se à nova realidade das transacções comerciais. Em 2020 estas serão totalmente automatizadas devido à ligação das bases de dados empresariais. Clientes e fornecedores de serviços vão cooperar de forma próxima tendo como base os sistemas integrados de tecnologia e informação. Esta é a convicção de metade dos inquiridos, 50%, que consideram, então, que este cenário é provável e/ou definitivo de acontecer a médio prazo – até 2020.
Em 2020 as empresas de logística não serão meras “portadoras”. Em vez disso vão ampliar a sua cadeia de valor, investir fortemente na Investigação & Desenvolvimento, ter um papel mais activo na produção industrial, manutenção e outras tarefas. O maior grupo de profissionais concorda com este cenário (48%), e mais de 25% a vêem como uma possibilidade. É esperado que as empresas de logística explorem novas áreas de negócio, aumentando a sua cadeia de valor, muito além do transporte e gestão de encomendas. Para tal, as empresas de logística têm de estabelecer alianças globais e colaborar estreitamente, para conseguirem por exemplo: desenvolver novas redes ferroviárias de ligação na Rússia, Ásia e Europa. 65% dos inquiridos concordam com esta estratégia, sendo que 19% declara que irá acontecer, sem margem para dúvidas. Estas alianças globais na indústria de logística vão permitir que surjam novas rotas e novos centros de distribuição, a maioria localizados na Ásia, centro do novo boom económico. Surgirão grandes investimentos em alternativas de transportes e infra-estruturas. Na Rússia, em particular, as redes ferroviárias canalizarão parte deste investimento, pois oferecem um potencial enorme.
Neste ponto é importante ter em conta que 43% dos inquiridos considera possível que o financiamento de grandes projectos de infra-estruturas, nos países em desenvolvimento, passe a ser assumido por empresas privadas e não pelo tradicional Estado. 22% dos participantes no estudo considera ainda ser muito provável que esta realidade se venha a concretizar. Apenas 3% considera que esta realidade é totalmente impossível de se verificar.
A indústria vai conhecer também uma nova realidade, que se prende com a formação dos colaboradores. Efectivamente, 36% dos participantes considera que as empresas serão a grande fonte de formação em 2020, oferecendo aos seus colaboradores a formação exacta para a função e competências que lhes querem atribuir.
No entanto, outra grande fracção dos inquiridos neste estudo (cerca de 43%) considera que serão as universidades financiadas pelo Estado, as principais instituições promotoras de formação e educação dos jovens, Assim, o Estado continuará a ter o seu papel, que será complementado com a formação via empresas – a formação profissional será um bem fundamental na “guerra de talentos em 2020”.