Valorize o seu talento

fred_astaireJá não se pode esperar que a organização para a qual se trabalha quando se tem 35 anos ainda exista quando se chegar aos 60. Mas também 40 ou 50 anos no mesmo tipo de trabalho é demasiado tempo para a maioria de nós. Deterioramo-nos, aborrecemo-nos, perdemos toda a alegria no nosso trabalho, “reformamo-nos continuando ainda a trabalhar” e tornamo-nos um fardo para nós e para todos os outros à nossa volta.

Isto não é necessariamente verdade em relação a quem tem muito sucesso, como os grandes artistas. Claude Monet (1840 1926), o maior pintor impressionista, ainda pintava obras primas aos 80 anos e trabalhava 12 horas por dia, mesmo apesar de quase ter perdido a visão. Pablo Picasso (1881 1973), talvez o maior pintor pós impressionista, também pintou até morrer com mais de 90 anos — e na casa dos 70 inventou um novo estilo. O maior executante musical deste século, o espanhol Pablo Casals (1876 1973), planeou tocar uma nova composição musical e praticou a no próprio dia em que morreu com 97 anos. Mas estas são as raras excepções mesmo entre pessoas de enorme sucesso. Nem Max Planck (1858 1947) nem Albert Einstein (1879 1955), os dois grandes gigantes da Física moderna, fizeram trabalho científico importante depois dos 40 anos. Planck tinha mais duas carreiras. Depois de 1918 — com 60 anos reorganizou a ciência alemã. Depois de ter sido empurrado para a reforma pelos nazis em 1933, começou mais uma vez, em 1945, com quase 90 anos, a reconstruir a ciência alemã após a queda de Hitler. Mas Einstein reformou se com 40 anos para se tornar um “homem famoso”.

Existe um grande debate hoje em dia acerca da “crise da meia idade” do executivo. Em grande parte é aborrecimento. Aos 45 anos, a maioria dos executivos atingiram o pico das suas carreiras e têm noção disso. Após 20 anos a fazerem praticamente o mesmo tipo de trabalho, são bastante bons na sua função. Mas são poucos os que ainda estão a aprender alguma coisa, a contribuir alguma coisa e à espera que o seu trabalho se torne novamente um desafio e uma satisfação.

Os trabalhadores manuais que trabalham há 40 anos — numa fundição de aço, por exemplo, ou na cabina de uma locomotiva — ficam física e mentalmente cansados muito antes de chegarem ao fim da sua esperança de vida normal. Eles estão “acabados”. Se sobreviverem — e a sua esperança de vida tiver subido para uma média de cerca de 75 anos — ficam bastante contentes se passarem dez ou 15 anos sem fazer nada, a jogar golfe, a pescar, entretidos com algum hobby, etc. Mas os trabalhadores do conhecimento não estão “acabados”. Estão perfeitamente capazes de funcionar apesar de todo o tipo de queixas menores. E, no entanto, o trabalho original que era tão desafiante quando o trabalhador do conhecimento tinha 30 anos transforma se num aborrecimento de morte quando o trabalhador tem 50— e ele ainda poderá ter de enfrentar mais 15 ou mesmo 20 anos de trabalho. gerir se a si próprio exigirá cada vez mais que alguém se prepare para a segunda metade da sua vida.

 

 

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