Um ponto estratégico

A proximidade cultural, a língua e o potencial que existe de desenvolvimento do turismo e hotelaria foram os motivos que levaram a escolher o Brasil como primeiro destino de internacionalização da Vila Galé. «E continuam a justificar a nossa aposta e expansão neste mercado, até porque já conhecemos muito bem o país e as questões jurídicas e laborais», esclarece Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador da Vila Galé.

A cadeia hoteleira está no Brasil desde 2001, com a abertura do Vila Galé Fortaleza. «Hoje somos a maior rede de resorts, posição que reforçámos com a abertura do Vila Galé Touros, no Rio Grande do Norte. Mas já estamos a trabalhar noutros projectos», adianta. Portanto um mercado estratégico. A operação no Brasil representa cerca de 40% do volume de negócios do grupo. E em 2017, as receitas foram de 265 milhões de reais, mais 2% do que no ano anterior.

CONSTRUÇÃO DA MARCA

A Vila Galé foi desde logo muito bem recebida e hoje já conquistou um elevado reconhecimento e notoriedade  no Brasil. É o que nos conta Gonçalo Rebelo de Almeida. «De acordo com as nossas análises, e quando olhamos para as classificações que os clientes atribuem através das plataformas Booking, Tripadvisor, Hotels.com ou Google, a média das oito unidades é de quase 90%. E olhando para cada hotel, todos registam níveis de satisfação acima dos 80%. Este indicador é crucial para a valorização e sucesso da marca», garante Gonçalo Rebelo de Almeida.

É certo que o Brasil atravessa um ciclo difícil, que acaba por reflectir-se sobretudo no turismo de negócios. «Mas encaramos esta fase como um desafio, que nos obriga a inovar, a procurar soluções que cativem os clientes e produtos que os surpreendam.Temos procurado fazê-lo de várias formas. Reforçámos a oferta para famílias, em particular para os mais novos, com a instalação de parques de trampolins e de salas de cinema para as crianças e dos espaços Galéra, pensados para os jovens entre os 13 e 18 anos, com jogos de consola, ligações Bluetooth, snooker. Introduzimos mais opções gastronómicas, com a exportação das pizzarias Massa Fina – que lançámos em Portugal, no Estoril – para quase todas as unidades no Brasil. E no caso do Vila Galé Fortaleza ainda lançámos o conceito all inclusive gourmet. Em Touros, detectámos que havia falta de espaços para eventos corporativos, congressos, acções empresariais, e por isso, o resort está equipado com o maior centro de convenções da região, com capacidade para 1200 pessoas, permitindo-nos captar outros públicos. No Vila Galé Rio de Janeiro, queremos tirar partido da localização do hotel, em plena Lapa, e criámos o pacote all inclusive cultural, com alojamento e entradas em algumas atracções da cidade. Intensificámos os benefícios que damos aos clientes que fazem parte do nosso programa de fidelização. Começámos por ter hotéis junto à praia e em 2006 abrimos o primeiro resort, o Vila Galé Marés, na Bahia, com o conceito all inclusive, que foi uma estreia absoluta no Brasil. E fomos crescendo nesse segmento, com os resorts do Cumbuco, Angra dos Reis, Cabo de Santo Agostinho e Touros. Paralelamente, abrimos hotéis em Salvador e no Rio de Janeiro, mais corporativos e vocacionados para as viagens em negócios», detalha.

A actual estratégia passa por continuar a investir e a alargar a rede. Localização adequada, boa relação qualidade-preço, propostas aliciantes para as famílias, gastronomia diversificada, excelência dos recursos humanos têm sido os pilares da estratégia. Além disso, o Brasil é também um mercado de exportação dos vinhos e azeites Santa Vitória.

Uma marca com um posicionamento sólido, que tem vindo a apostar em novos canais de divulgação, com parcerias e patrocínios, presença online, campanhas digitais, mais eventos com influencers e reforço da comunicação através das redes sociais, além da publicidade nos meios tradicionais. E com peso junto dos consumidores locais. «Nos nossos hotéis no Brasil, os clientes brasileiros representam 90% da ocupação e das receitas. Mas também temos muitos hóspedes portugueses, argentinos, uruguaios e chilenos», acrescenta.

De momento, já tem traçadas várias aberturas. «Em Dezembro, é inaugurado o Vila Galé Cumbuco Suites, um empreendimento junto ao resort Vila Galé Cumbuco, composto por apartamentos de várias tipologias. A ideia é que os dois produtos se complementem: o resort tem um regime all inclusive e o Cumbuco Suites tem um funcionamento mais flexível, ideal para long stays. Estamos também a desenvolver um novo resort em Una, no litoral da Bahia, que será o Vila Galé Costa do Cacau, com um investimento de 150 milhões de reais. Terá perto de 500 quartos e funcionará em all inclusive. Outra novidade é a chegada a São Paulo, onde planeamos vir a ter um hotel mais corporativo, com cerca de 100 quartos, investindo 50 milhões de reais. Temos olhado para destinos como Jericoacoara ou Belém do Pará para construção de resorts. Outra via de crescimento pode ser gerirmos unidades de terceiros, tirando partido destes 30 anos de experiência de hotelaria», conclui.

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