“Segurança Social – o esquema Ponzi”

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Ricardo Florêncio

Director da revista Executive Digest

Editorial publicado na edição de Setembro de 2014 da revista Executive Digest

Após mais um chumbo do Tribunal Constitucional, o governo veio agora anunciar que não vai apresentar mais nenhuma proposta de Reforma da Segurança Social até ao fim desta legislatura. Pois faz mal. Tal como faz mal a oposição em regozijar-se com essa posição. Invocando razões diferentes, todos lavam as mãos como Pilatos. Este é um problema que temos de resolver, já! Não é um problema de agora. É um verdadeiro problema com 20, 30 anos, mas que todos foram varrendo para debaixo do tapete.

Será injusto que os reformados que toda a vida de trabalho, durante 40 anos, vejam agora cortados os seus rendimentos? Claro que é completamente injusto. Mas será justo para aqueles que já pagam, há 20 anos para a Segurança Social, 35% da sua massa salarial (sim, são 34,75%, que resulta da soma de 11% direto + 23,75% da entidade empregadora, mas tudo isso é massa salarial) e que já têm perfeita consciência que não vão receber nada comparado com o que têm direito, e mesmo assim, têm de continuar a pagar? Será justo? Também não o é certamente. E o que dizer daqueles que começaram agora a participar neste sistema contributivo? O que lhes restará daqui a 40 anos? É que com a inversão total da pirâmide etária, com a diminuição drástica de percentagem de jovens por pessoas idosas, o cenário só tem tendência para piorar, e muito. E como dizia António Ramalho esta semana: “Será que as pessoas não perceberam que uma Segurança Social que tem mais saídas que entradas, significa um esquema Ponzi oficializado?”.

Não nos podemos esquecer que a Segurança Social não é um imposto. É uma contribuição para um seguro social, o que é totalmente diferente.

Deste modo, convirá que se tomem, com a devida celeridade, decisões sérias, ponderadas, a médio e longo prazo, porque a pior decisão que pode haver é não haver qualquer decisão.

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