Receitas turísticas devem duplicar até 2027

O sector do turismo continua a crescer a um ritmo galopante e a afirma-se, cada vez mais, como um dos motores da economia nacional. No ano passado, o sector gerou receitas recorde de 12,6 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 10,7% em relação a 2015, segundo as contas do Banco de Portugal. Ora, para este ano, as previsões do Turismo de Portugal são ainda mais animadoras e apontam para um crescimento, do lado das receitas, que pode atingir os 20%.

Para Miguel Eiras Antunes, partner e líder de THL da Deloitte, «se este crescimento se confirmar e tivermos um aumento de 7-8% nos anos seguintes», as receitas do sector «poderão duplicar até 2027». Com efeito, as previsões da Deloitte apontam para receitas entre 20,6 mil milhões e 27,1 mil milhões de euros daqui a 10 anos.

O responsável abriu as hostes do III Fórum Turismo da Marketeer/Viagens & Resorts, que decorreu ontem ao final da tarde na Academia de Golfe de Lisboa, com uma intervenção onde reflectiu sobre como pode Portugal, enquanto destino turístico, manter a liderança numa economia cada vez mais global.

A prova da importância do sector para a economia é que o turismo tem já um peso de 6,4% sobre o Produto Interno Bruto (PIB) nacional, um valor que está acima de alguns dos principais destinos concorrentes (como Espanha, Itália, Grécia ou Turquia) e apenas atrás de Marrocos (8,1%). Para Miguel Eiras Antunes, «se continuarmos a crescer a este ritmo vamos assumir a liderança rapidamente», no que a este indicador diz respeito.

«Partindo do princípio que assumimos a liderança, o que será preciso para mantê-la?», questionou o responsável. A resposta, garante, passa pelo Programa Turismo 4.0, que junta o Ministério da Economia, a Secretaria de Estado do Turismo, o Turismo de Portugal e a Deloitte. E são quatro as áreas de intervenção deste programa, que Miguel Eiras Antunes fez questão de explicar.

1 – Inovação e digitalização

A criação de um Centro de Inovação e Desenvolvimento Turístico é uma das prioridades do Programa Turismo 4.0. Este centro terá várias valências, entre elas a aceleração de startups nesta área. «Queremos tornar Portugal o hub de referência no turismo», afirmou Miguel Eiras Antunes.

2 – Qualificação do destino Portugal

«Qualificar é preservar a nossa identidade, fazer uma grande aposta na área da segurança, preservar este clima, apostar na nossa gastronomia e nos vinhos… Há muito para fazer, incluindo a qualificação de profissionais no sector do turismo», explica o partner e líder de THL da Deloitte.

3 – Targeting segmentado

No ano passado, os turistas franceses foram os que mais dinheiro deixaram em Portugal, ultrapassando os britânicos e espanhóis, o que demonstra a dinâmica do mercado e a necessidade de targetizar em conformidade. «Quer seja pelos mercados de origem de maior dimensão, maior qualidade ou pela tipologia de turismo que mais nos interessa, é preciso segmentar o target», frisa Miguel Eiras Antunes. E dá um exemplo: Portugal tem neste momento uma quota de 0,5% de captação de turistas dos EUA, que é o segundo maior país em despesas de turismo, a seguir à China. «Se duplicássemos esta quota nos EUA, aumentávamos as nossas receitas turísticas em 20%», advoga.

4 – Smart destinations

Os serviços digitais, como são exemplos as apps de recomendação de locais a visitar ou os transportes disponíveis, devem ser incentivados e aproveitados para melhorar a experiência dos turistas, mas só fazem sentido numa lógica de rede e parcerias.

Texto de Daniel Almeida

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