Produtividade

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Ricardo Florêncio

Director da revista Executive Digest

Editorial publicado na edição de Setembro de 2013 da revista Executive Digest

Um deles é, claramente, o da ideia pré-concebida de que temos de ter salários baixos em Portugal.

Em primeiro lugar, a média dos nossos salários comparados com a larga maioria dos nossos parceiros europeus já é baixa. E quando se coloca nessa equação os preços dos produtos essenciais, os valores que a maioria dos portugueses aufere ainda descem mais.

Por outro lado, pretensamente, a necessidade de ter salários baixos será para sermos um País mais competitivo. Contudo, e se enveredarmos por esse caminho, falta-nos um dado essencial, que é escala. Nós não temos dimensão para competir em diversos sectores de actividade pelo preço baixo de mão-de-obra. Há outros países, outras realidades, que podem apresentar argumentos distintos, ou outra dimensão, o que nos coloca desde logo numa posição inferior neste parâmetro.

Deste modo, em vez de se apregoar os salários baixos, penso que todos os intervenientes deverão bater-se por outra situação: o aumento da produtividade. Esse, sim, um parâmetro em que estamos muito longe da Europa e onde podemos e devemos melhorar. E não me refiro às horas de trabalho, porque uma variável não está directamente correlacionada com a outra. Em horas de trabalho, até apresentamos mais horas que a maioria dos países europeus. A questão tem que ver com os resultados dessas horas de trabalho. O output, o produto. E, aí, estamos muito longe dos resultados apresentados por outros países.

É imprescindível que comecemos a trabalhar melhor. E será por aí que Portugal pode e vai, decerto, transformar-se num País mais competitivo.

Vários estudos, programas e projectos já abordaram de forma aprofundada esta vertente mas, e infelizmente, sem grandes resultados práticos. Prova disso é o novo ranking mundial de competitividade, que acaba de sair e em que Portugal volta a cair, situando-se actualmente no 51.º lugar.

E são estes resultados que têm de começar a aparecer.

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