Os limites da engenharia social

MIT-rsAo analisarem os grandes dados, investigadores e gestores estão a desenvolver modelos matemáticos de comportamentos pessoais e cívicos. Mas os modelos podem esconder, e não revelar, as raízes mais profundas dos problemas sociais.

Texto de Nicholas Carr

Em 1969, a Playboy publicou uma longa e informal entrevista a Marshall McLuhan na qual o teórico dos media e ícone da década de 1960 fazia um retrato do futuro que era, ao mesmo tempo, sedutor e repulsivo.

Notando a capacidade dos computadores digitais para analisarem dados e comunicarem mensagens, McLuhan previu que as máquinas acabariam por ser usadas para afinar o funcionamento da sociedade.

«O computador pode ser utilizado para direccionar uma rede de termostatos globais para alterar a vida de forma a optimizar a consciência humana», afirmou. «Neste momento, é tecnologicamente possível usar o computador para programar as sociedades de formas benéficas.»

Reconheceu que esse controlo centralizado aumentou o espectro das «lavagens cerebrais ou pior ainda», mas sublinhou que «a programação das sociedades podia ser feita construtiva e humanisticamente».

A entrevista foi publicada quando os computadores eram usados principalmente para uma agregação arcana, científica e industrial de dados. Para a maioria dos leitores na altura, as palavras de McLuhan podiam parecer rebuscadas, ou até chanfradas. Agora parecem proféticas.

Com os omnipresentes smartphones, o inescapável Facebook e os futuros computadores como o Google Glass, a sociedade está a ganhar o sistema digital de sensores.

A localização e os comportamentos das pessoas estão a ser controlados à medida que estas vivem o seu dia-a-dia e as informações que daí resultam são instantaneamente transmitidas para vastas quintas de servidores. Assim que escrevermos os algoritmos necessários para analisar todos estes “grandes dados”, acreditam muitos sociólogos e peritos em estatística, seremos recompensados com uma noção muito mais profunda daquilo que faz com que a sociedade funcione.

Leia o texto na íntegra na Edição de Julho da revista Executive Digest

Artigos relacionados
Comentários