Onde está a razão?

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Ricardo Florêncio

Director da revista Executive Digest

Editorial publicado na edição de Abril de 2014 da revista Executive Digest

Vivemos actualmente em Portugal uma situação algo estranha, e diria mesmo, caricata. Ainda que, em larga maioria, dentro da normalidade de funcionamento da nossa democracia, vivemos um período de alguma turbulência e de contestação.

Contudo, e sendo diferente, de muitas situações anteriores, a verdade, é que em grande parte esta contestação tem razão de ser. E assim, parece que todos têm razão. Analisemos alguns exemplos.

Têm razão a larga maioria dos portugueses, por acharem que os impostos que pagam hoje em dia são muito, demasiado, altos. Têm razão, pois o que recebem do estado em troca desses impostos, não tem correlação. Paga-se demasiado pelo que se recebe. E não vale a pena virem referir que noutros países as taxas de impostos, ainda são mais altas, pois nesses países o retorno que vem dos impostos, nada tem a ver com a realidade portuguesa. O problema, é, qual a solução? O estado precisa de dinheiro, já, para fazer face às suas despesas, e a solução com resultados imediatos, é essa.

Têm razão a larga maioria dos pensionistas, para se revoltarem contra os cortes nas suas pensões, nomeadamente aqueles que descontaram uma vida toda, quer diretamente nos seus impostos, quer indiretamente, através da contribuição das empresas onde trabalhavam, pois foi-lhes garantido um certo rendimento, que não está a ser cumprido. O problema mais uma vez é, qual é a solução? O estado não tem dinheiro para fazer face às suas responsabilidades perante estes pensionistas, e então corta os seus rendimentos.

E o que dizer daqueles que na faixa dos 30, 40 anos, já se aperceberam que estão a descontar para a segurança social, sabendo de antemão que o que poderão vir a receber posteriormente, nada tem a ver com as contribuições que estão a fazer agora?

Têm razão os funcionários do estado, que têm vindo a ver cortados os seus rendimento e demais regalias, ao contrário do que lhes tido prometido e garantido anteriormente. A verdade é que o estado não tem rendimentos para garantir o estado que foi aumentando e acumulando ao longo das últimas décadas. E então, e agora, qual a solução?

E muitos mais exemplos, poderiam ser aqui apresentados de situações em que na verdade, há razões para reclamar. Contudo, no fim, chega-se sempre á mesma questão: qual a solução? E essa ainda ninguém a apresentou.

E assim, todos têm razão! Se bem que no final, e na verdade, ninguém a tem!

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