O Triunfo dos Porcos!

2005101900_20040128104518386_1Quintas, quintinhas, montes ou quintais as empresas modernas são fenómenos zoológicos povoados por toda a bicheza, desde os burros (e Deus, se os há!), galinhas e vacas aos insectos, vermes e demais invertebrados tudo por lá se arrasta, mas o que é certo é que o raio dos “Porcos” acaba sempre por levar a sua avante!

Não será, por isso, de todo desprovido de sentido acreditar que quando George Orwell escreveu “O Triunfo dos Porcos” não tinha em mente uma sátira ao comunismo, mas sim uma profecia sobre o que se iria passar em muitas das empresas portuguesas dos nossos tempos! É hoje um facto notório que este actual estado de (passe-se o populismo, mas nada mais o expressa tão bem) “porcos ao poder, doa a quem doer” é a concretização do vaticínio de que todos os “animais” são iguais, mas uns são mais iguais que os outros!

Curiosamente este fenómeno da igualdade, em muitas empresas, tem vindo a ter um desenvolvimento contrário à regra! É que normalmente quando alguém sobressai é porque possui características de valor, de destaque! Mas em algumas Quintas/Empresas não!

Quiçá se motivado pela interiorização ou pelo quadrante em que o vento sopra, parece agora haver um certo movimento que abraça a “diferença” e valoriza aqueles que primam não pelas suas capacidades elevadas, mas pela falta delas. E quanto mais “mentalmente desafiados” forem melhor! A ausência total e completa de predicados básicos como o carácter, a inteligência ou a competência é sucesso garantido! E porquê? Porque estudos empíricos recentes demonstraram que as pessoas que não têm carácter, “espinha dorsal” ou bom senso tem uma apetência natural para determinadas actividades, como lamber as botas do patrão, passar graxa a todos quantos ocupam uma posição de destaque dentro da estrutura da empresa, esquivar-se de responsabilidades ou, tal qual porcos, “chafurdar” em toda a porcaria.

E enfim, esta subserviência e voluntarismo empresariais renovados são o último grito do “capachismo” ou bajulação modernos, especialmente para patrões que insistem em gerir as suas “quintinhas” como pequenos feudos onde querem, podem e mandam… o que naturalmente só acontece quando se afastam todos quantos são capazes e contrariam as vontades do “soberano” (têm falta de toucinho, não servem para porcos!) e se juntam à “Vara” todos os cunhados, irmãos e enteados e “lambe botas”!

Mas é triste e faz morrer a esperança que nos alimenta o sentido de empresa quando os Homens Bons não conseguem fazer triunfar as suas ideias num Conselho de Administração, quando se desculpam incompetências grosseiras de iluminados (pela luz da ignorância e pela claridade da falta de inteligência) que ocupam cargos de gestão (por milagre ou factor genético) ou quando se valoriza o “ámen” a tudo quanto o patrão possa dizer ou pensar em vez da efectiva defesa dos interesses da empresa! Mas é assim que “os porcos” triunfam!

Resta-nos no entanto o consolo de que os porcos, e por isso lhes são toleradas as chafurdices e porcarias que fazem com tanto à vontade e satisfação, servem apenas um propósito… serem engordados para a matança!por Isolda Brasil

 

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