O peso dos investidores estrangeiros

O capital estrangeiro continua a dominar o mercado português de investimento em imobiliário comercial, sendo responsável por 92% do total de 359 milhões de euros transaccionados no 1.º trimestre de 2017, revela a JLL, no seu mais recente estudo Portugal Market Pulse. Os investidores nacionais mantêm um peso reduzido no volume investido (8%), apesar de terem realizado cinco das onze operações registadas no mercado nestes primeiros três meses do ano, o que traduz um ticket de investimento por negócio baixo.
«O ano começou muito dinâmico e, apesar de se terem fechado algumas operações que se encontravam em pipeline em 2016, muitas outras ainda estão por concluir: se a maioria dos negócios que estão em curso forem efectivamente concluídos, antevemos o melhor ano de sempre, com a possibilidade de se transaccionarem mais de dois mil milhões de euros», antecipa Fernando Ferreira, Head of Capital Markets, da JLL.
Neste trimestre, o retalho e os escritórios, com pesos de, respectivamente, 61% e 26% do capital investido, mantiveram-se como os segmentos mais activos, embora a hotelaria também se tenha destacado, com a transacção do Lux Park Hotel. O retalho concentrou a maior operação do trimestre, nomeadamente a venda do Vila do Conde Outlet, por 130 milhões de euros; seguindo-se, nos escritórios, a venda do edifício Entreposto, em Lisboa, por 65,5 milhões de euros.
As yields diminuíram em todos os sectores e zonas de mercado, com excepção do segmento industrial e logística, que se manteve inalterado. As yields mais baixas são encontradas no comércio de rua em Lisboa (4,75%), seguidas dos escritórios no Prime CBD e dos centros comerciais, ambos a apresentarem yields de 5% no trimestre. Nas restantes zonas de escritórios, as yields estão entre os 5,75% e os 6%, exceptuando na zona 6 (Corredor Oeste), onde atingem os 7,5%. Nos retail parks e nos imóveis, industrial e logística, a yield prime é de 6,75%.
«Estes níveis são, na sua maior parte, mínimos históricos em Portugal, mas ainda assim continuam a ser superiores à maioria dos mercados europeus, o que torna o nosso País um mercado muito atractivo e procurado», comenta Fernando Ferreira. Contudo, «um dos grandes desafios no futuro será a dimensão do nosso mercado, o que exigirá estratégias mais agressivas dos investidores para conseguirem concretizar os seus negócios, abrindo o espectro de oportunidades de investimento que estão disponíveis para analisar», termina.
O relatório da JLL realça ainda que os sectores ocupacionais estão a sustentar o bom momento que se sente no investimento, com a ocupação de escritórios a crescer 34% no 1.º trimestre do ano (face ao homólogo) para os 43 641 m2, mais de 60% acima da média trimestral dos últimos cinco anos, fixada em cerca de 27 mil m2. No retalho, embora o pipeline de novas aberturas se mantenha reduzido (apenas a loja IKEA integrada no Mar Shopping Algarve abriu neste trimestre), os centros comerciais prime continuam a exibir uma performance muito positiva, com níveis elevados de footfall, ocupação e pressão sobre as rendas, que atingiram os 120 euros/m2/mês, num crescimento de 20% face ao 1.º trimestre de 2016. O comércio de rua também se mantém muito activo e com boa procura, quer em Lisboa, quer no Porto, com as rendas nesse período a evoluírem 8% no Chiado (para os 130 euros/m2/mês) e cerca de 20% na Rua de Santa Catarina (para os 60 euros/m2/mês).
O Portugal Market Pulse é um relatório trimestral produzido pela JLL, onde a consultora analisa o desempenho do mercado imobiliário português, com foco nos segmentos de escritórios e retalho, habitação e hotelaria, além do investimento.

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