O Brexit …

Por Ricardo Florêncio

O dia 23 de Junho acordou com uma bomba: o Reino Unido votou  maioritariamente a saída da União Europeia. Agora, falta desvendar que tipo de bomba é: atómica, de estilhaços ou só de carnaval, com muito barulho e poucos efeitos…

Analisando os primeiros comentários, parece ser daquelas decisões, cada vez mais frequentes, em que quem as toma não faz ideia das consequências que acarretam. Contudo, a sua dimensão e consequências não deveriam ser tomadas de ânimo tão leve, como assim parece. No Reino Unido, ninguém se entende. A Irlanda do Norte, que votou maioritariamente para se manter na União Europeia, pensa em juntar-se à República da Irlanda (que não pensa sair da União Europeia), ou seguir outra alternativa, mas com intuito de se manter na União Europeia. A Escócia, que também votou para ficar, já veio anunciar um referendo para se afirmar como país independente, e, inclusive, foram feitas declarações no Parlamento Europeu dessa clara intenção. Mesmo em Inglaterra, que votou a favor da saída, ninguém se entende, e tanto Conservadores como Trabalhistas perderam (vão perder?) os seus líderes, com eleições gerais à vista no próximo Outubro. E os diversos dirigentes vão afirmando que desejam uma saída suave, mantendo uma parte substancial dos acordos hoje vigentes (os que interessaram ao Reino Unido)… entre o Reino Unido e a União Europeia. Perceberam? Parece que eles também não!

E quais os comentários da União Europeia? Por enquanto tem dito o que tem de dizer. Se querem sair, então notifiquem a União Europeia dessa saída, e saiam. É evidente, que, e no caso de saírem, serão negociados acordos bilaterais entre o Reino Unido (o que sobrar dele) e a União Europeia. Mas, neste momento, não resta outra alternativa à União Europeia do que este discurso mais duro, mais ríspido, quase ameaçador, sob o risco de outros Países começarem a pensar que poderá haver vantagens na saída da União Europeia, se ficarem apenas vigentes os acordos que lhes dão jeito……..

Editorial publicado na edição de Julho de 2016 da revista Executive Digest

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