MARF: A Bolsa ao alcance das PME portuguesas

por Daniel Neves, Axesor Portugal

As empresas, particularmente as PME, têm vindo a procurar alternativas ao crédito bancário tradicional, como forma de assegurar a desejável diversificação das suas fontes de financiamento. Criado na sequência da intervenção da União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional no sistema bancário espanhol, o Mercado Alternativo de Renta Fija (MARF) assume-se, desde 2013, como o mercado de emissão de renda fixa das PME, estando igualmente acessível às empresas portuguesas.
Desde a sua criação, o MARF viu serem admitidos e negociados diversos tipos de emissão em condições competitivas para emissores e investidores – a curto prazo, emissões de papel comercial até dois anos de maturidade, perfazendo quase duas dezenas de emissões, num total de 2,5 mil milhões de euros; a médio e longo prazo, emissões obrigacionistas para as empresas mid-caps (com uma capitalização bolsista de média dimensão), tipicamente entre três e sete anos, totalizando já mais de três dezenas de emissões, num total superior a 3 mil milhões de euros.
Ao invés do observado em Espanha em relação ao MARF, em Portugal temos vindo a assistir a uma total apatia do mercado bolsista português, o qual não oferece oportunidades, nem a emissores, nem a investidores. Numerosas empresas portuguesas têm manifestado interesse em ver a sua dívida cotada no MARF, havendo mesmo uma – a Sugal –, que detém um programa de obrigações cotado, com inegáveis benefícios.
A actividade de rating empresarial aporta uma mais-valia importante às empresas e aos investidores, tendo por benefícios, entre outros, vincular uma opinião independente do risco associado à dívida empresarial. A axesor-rating é líder do MARF, sendo responsável pela atribuição de dezenas de ratings associados a emissões obrigacionistas de PME de origem espanhola e portuguesa.
Temos vindo a assistir à conjugação da procura e da oferta de produtos alternativos ao financiamento bancário tradicional, tendência que se deverá acentuar no futuro, constituindo novos desafios e criando novas oportunidades para as PME. A capacidade, das empresas e dos agentes ligados ao financiamento, de se adaptarem a esta nova realidade constitui um dos principais factores críticos de sucesso do futuro, sendo que o MARF se vem assumindo como um exemplo no desenvolvimento dessas alternativas de financiamento.

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