Low-cost: uma oportunidade para o sector automóvel?

US-IN-SHAKY-ECONFace à procura de preços reduzidos por parte do consumidor, o low-cost posiciona-se como uma das alavancas para os mercados automóveis nos próximos anos.

O último ano foi marcado por uma elevada tensão económica que se fez sentir no poder de compra dos consumidores. A aquisição de um bem automóvel revelou-se uma decisão delicada. Nos últimos dez anos, os preços de catálogo cresceram de forma mais rápida que a inflação e que os rendimentos das famílias. Segundo os dados recolhidos nos países que incluídos no estudo Automóvel do Observador Cetelem, na década de 1998 a 2008, os preços de catálogo progrediram em média 3,2% por ano, contra uma inflação média de 2,7%.

 

Uma evolução que pode ser explicada não apenas pelo custo das matérias-primas e da fiscalidade, mas também pelos próprios fabricantes que alimentam um sistema de produção baseado numa sofisticação que acaba por aumentar os custos: maior desempenho, mais segurança, mais conforto. Por outro lado, as famílias têm ainda que lidar com o elevado aumento dos custos de utilização, reforçados pelo aumento substancial dos preços dos combustíveis e lubrificantes, custos que correspondem a um aumento médio de 4,6% ao ano, ou seja, um aumento duas vezes superior à inflação no mesmo período. Deste modo, os automobilistas europeus são, simultaneamente, afectados pelo aumento contínuo dos preços para a compra de veículos novos e pelo aumento dos custos de utilização.

 

Esta pressão para a subida dos preços leva 79% consumidores a afirmar que o automóvel é um constrangimento. É neste contexto socioeconómico que é possível encontrar uma oportunidade para a indústria automóvel, a qual passa pela criação e implementação de soluções low-cost. No entanto é importante perceber qual a receptividade dos europeus a este tipo de soluções.

 

O Observador Cetelem revela assim que, para os automobilistas, o low-cost é, acima de tudo, associado a um reduzido status social, menos elegância e menos conforto. Ainda assim, os carros low-cost não são considerados veículos mais poluentes, nem menos seguros. O low-cost beneficia assim de uma boa imagem. Sem qualquer receio, 57% dos inquiridos acabam mesmo por revelar que estão comprar carros chineses ou indianos.

 

Enquanto não chegam ao mercado os desejados veículos de custo reduzido, os automobilistas europeus orientam-se nas suas despesas e continuam a optar por adquirir modelos pouco dispendiosos, tirando partido dos estímulos financeiros promovidos pelos poderes públicos. A fiscalidade baseada nas emissões de CO2 entre 1990 a 2009 levou a um crescimento dos segmentos inferiores que passaram de 30% para 45% na Europa. Face à procura de preços reduzidos por parte do consumidor, o low-cost posiciona-se como uma das alavancas para os mercados automóveis nos próximos anos. Apenas a divulgação em grande escala dos carros eléctricos poderá permitir que o mercado recupere um certo dinamismo.

 

O Grupo BNP Paribas Personal Finance acompanha há mais de 50 anos o desenvolvimento do consumo e das cadeias da distribuição no mundo. Em 1989, lançou, em França, uma publicação anula – o Observador Cetelem – cujos estudos sobre o consumo, a distribuição e o crédito, são fontes de informação e de reflexão ao dispor de todos os actores do mercado. A primeira edição portuguesa foi divulgada em 2000. O Observador Cetelem está presente em vários países: Alemanha, Brasil, Eslováquia, Espanha, França, Hungria, Itália, Portugal e República Checa.

 

As análises económicas e técnicas, bem como as previsões, foram realizadas em colaboração com o instituto de estudos e de consultoria BIPE (www.bipe.com). Os inquéritos aos consumidores foram realizados no decurso do terceiro trimestre de 2009 em colaboração com a sociedade Research International na Alemanha, França, Espanha, Itália, Portugal e Reino Unido. No total, foram inquiridos 3600 indivíduos (amostra representativa das populações nacionais).

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