Empresas portuguesas na crista da digitalização

«Hoje, qualquer negócio é um negócio digital». A afirmação é de José Gonçalves, presidente da Accenture Portugal, a propósito do caminho que as empresas têm percorrido ao longo dos últimos anos. Na abertura da conferência “Technovate 2.0”, promovida pela Accenture à margem do Web Summit, o responsável explicou que já não existe uma distinção entre negócios digitais e negócios não digitais e sublinhou que este admirável mundo novo da tecnologia representa uma valiosa ferramenta no sentido de criar oportunidades.

Para quem é céptico em relação a esta mudança, José Gonçalves dá um exemplo: actualmente, as cinco maiores empresas do mundo são nativas digitais. Já não há espaço no pódio para as companhias mais tradicionais.

Portugal, de acordo com José Gonçalves, tem sabido especialmente aproveitar esta evolução. Uma vez que tem uma economia muito pequena – fruto da sua dimensão geográfica e populacional -, apostou no digital para que o mundo seja o seu mercado, derrubando fronteiras e construindo pontes.

O presidente da Accenture Portugal mostra-se, porém, preocupado com a dificuldade em reter talento. Apesar de o País contar com bom talento interno e de se mostrar atractivo para profissionais internacionais, não sabe mantê-los.

O segundo desafio apontado por José Gonçalves é criar novas oportunidades. O responsável acredita que as empresas portuguesas souberam transformar digitalmente os seus core business mas que o objectivo deve ser também criar de raiz novos negócios que sejam digitais.

5 tendências tecnológicas

Também presente na conferência esteve Yves Bernaert, Accenture Technology lead para a Europa, responsável por apresentar as cinco tendências a ter debaixo de olho. «Acreditamos que todos os negócios vão ser inteligentes», começa por dizer, acrescentando que estamos perante uma nova era:

1 – Citizen IA. Yves Bernaert acredita que Inteligência Artificial (IA) e humanos vão viver em conjunto, colaborando nas mais diversas tarefas. «Não é um ou o outro», garante, indicando, no entanto, que é preciso ensinar os robôs todos os dias, tal como se de uma criança se tratasse. De modo a garantir que a IA será benéfica para todos, não basta construir e implementar a tecnologia. É preciso acompanhá-la;

2 – Extended Reality. A realidade como a conhecemos está prestes a mudar e a transformar-se numa realidade alargada – diferente de aumentada. Yves Bernaert explica que está a chegar o fim de equipamentos como os teclados e os ecrãs e que o digital existirá em harmonia com o real, confundindo-se. E não, não será apenas para jogos. Esta nova realidade será também para as empresas;

3 – Data Veracity. Vamos passar de uma forte aposta na recolha massiva de dados, dentro e fora das empresas, para um cuidado especial com a fonte, veracidade e qualidade dos dados em análise. Tudo isto para assegurar que existe confiança nos resultados apurados;

4 – Frictionless Business. As empresas já não podem trabalhar de forma isolada, ignorando o ecossistema que as rodeia. Deve existir maior ligação entre os vários intervenientes, colocando-se um ponto final às barreiras com vista ao crescimento;

5 – Internet of Thinking. Internet of Things já é um conceito ultrapassado. Yves Bernaert dá um passo em frente e fala em Internet of Thinking, uma abordagem que assenta em computação de ponta que permite a criação de sistemas inteligentes ao ponto de tomar decisões.

Texto de Filipa Almeida

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