Eixo de crescimento

O mercado brasileiro é o principal eixo estratégico de crescimento da Galp. A empresa assume- -se como um dos operadores com maior experiência no desenvolvimento de projectos petrolíferos em águas ultraprofundas e em particular nas regiões do pré-sal.

Igualmente relevante é o papel do Brasil na transformação do perfil da Galp em termos globais. «Em poucos anos, a Galp reinventou- se: de uma empresa doméstica de refinação e distribuição, tornou-se na empresa integrada de Oil & Gas focada na produção com maior crescimento do mundo», esclarece-nos Miguel Pereira, CEO da Petrogal Brasil.

O Brasil representa 95% da produção de óleo e gás da Galp, correspondendo os restantes 5% à produção Angolana. A empresa fechou o primeiro semestre deste ano com um resultado líquido de 387 milhões de euros, mais 68% do que em igual período de 2017. Graças aos projectos em curso no Brasil, a Galp cresce a um ritmo mais acelerado em todo o mundo, ultrapassando todos os anos marcos históricos relevantes.

A Galp entrou no Brasil em 1999, que importância assume este mercado para a empresa?

O Brasil é nesta altura e continuará a ser durante muitos anos um dos principais eixos estratégicos de crescimento da Galp. Essa importância e essa prioridade do Brasil estão patentes no volume de investimento acumulado desde a entrada da empresa no país, que ultrapassou recentemente os $5 mil milhões. Este valor corresponde, nos últimos anos, a 80% do investimento total da unidade de negócio de Exploração e Produção de petróleo e gás (E&P) da Galp. Ou seja, este é um mercado onde temos uma parte relevante dos nossos recursos, que colocamos ao serviço de projectos absolutamente únicos, desafiantes, mas fora de série. Fruto dessa aposta, a Galp atingiu recentemente o marco histórico dos 100 milhões de barris de petróleo e gás produzidos no Brasil.

Pode partilhar a estratégia actual no mercado brasileiro?

A Galp investe no Brasil há cerca de duas décadas. E na altura em que a empresa iniciou esta fase de crescimento ímpar na indústria, poucos acreditavam no pré-sal. Agora, o que pretendemos é continuar a apostar neste país. A nossa presença tem uma perspectiva de longo prazo e insere-se na estratégia definida pelo Grupo para a área de upstream: garantir a sustentabilidade do portefólio de exploração e produção da Galp, que deverá ser competitivo e rentável nos variados cenários de preços expectáveis de petróleo, incorporando a avaliação da pegada carbónica da nossa actividade. Nesse sentido, a estratégia actual no Brasil está assente – como sempre esteve – na identificação de novas oportunidades em geografias onde exista uma vantagem competitiva ou um ângulo estratégico, nomeadamente pela aquisição de recursos descobertos ou projectos de exploração, de modo a manter a competitividade da sua produção futura e assegurar uma exposição equilibrada ao gás. As principais prioridades continuarão a ser a execução disciplinada dos projectos existentes e o aumento da extracção de valor dos mesmos.

Tem vários projectos em fases de desenvolvimento e produção. Quais são os mais importantes?

Neste momento, a Galp tem sete unidades de produção flutuantes no bloco BM-S-11, mais conhecido pelo campo Lula, na bacia de Santos, que é o mais produtivo de todo o Brasil, onde a Galp prevê ter duas unidades adicionais em operação até ao final do ano.

A Galp dispõe ainda de posições importantes noutros projectos offshore na prolífica bacia de Santos, que detém, no seu conjunto, a maior acumulação conhecida de petróleo e gás natural em águas ultraprofundas. São os casos da área do Grade Carcará (BM-S- 8), o campo Sépia (BM-S-24) e o campo Uirapuru. Está ainda presente nas bacias de Potiguar, Pernambuco-Paraíba e na bacia de Barreirinhas. Nos projectos onshore, a Galp é operadora em dois blocos na bacia de Sergipe- -Alagoas e está presente na bacia de Potiguar, sendo ainda operadora em quatro blocos exploratórios na bacia de Parnaíba.

Como tem evoluído o processo de construção da marca e do negócio no Brasil?

As actividades da Galp no Brasil centram-se essencialmente na produção de petróleo e gás natural em áreas remotas, incluindo em alto mar, não havendo por isso um processo de construção de marca no sentido tradicional em que ele existe em Portugal, em Espanha, ou nos países africanos em que a Galp vende energia a milhões de clientes. Mas há, naturalmente, um esforço de construção de uma identidade institucional que reflicta as características distintivas da nossa presença no mercado, enquanto um dos operadores com maior experiência no desenvolvimento de projectos petrolíferos em águas ultraprofundas, e em particular nas regiões do pré-sal.

Igualmente relevante, é o papel do Brasil na transformação do perfil da Galp em termos globais. Em poucos anos, a Galp reinventou- -se: de uma empresa doméstica de refinação e distribuição, tornou-se na empresa integrada de Oil & Gas focada na produção com maior crescimento do mundo.

O Brasil foi e será sempre uma região-chave para a transição sustentada para os novos paradigmas do sector energético global, dada a qualidade dos seus recursos e do desenvolvimento previsto pela indústria na região. Por isso queremos manter e expandir sustentadamente a nossa posição neste país, que é um dos pilares do nosso desenvolvimento estratégico.

Quais os factores distintivos do sucesso da empresa? À medida que a indústria de Oil & Gas brasileira continua a abrir- -se ao exterior, atraindo alguns dos maiores players da indústria através dos leilões mais recentes, a posição da Galp – enquanto protagonista com experiência de longa data no desenvolvimento do pré-sal –, é um activo que tem sido alavancado para sublinhar o seu excepcional portefólio, assim como as suas capacidades e vantagens competitivas no mercado.

O compromisso de longo prazo com o Brasil, a relação especial que estabelecemos com a brasileira Petrobras e com outros protagonistas- chave da indústria no Brasil e a nível mundial – como Sinopec, a Shell-BG, a EXXON, a Queiroz Galvão, Barra Energia, e agora também a Equinor – ex-Statoil – e a Total –, mais o facto de sermos já o terceiro maior produtor de petróleo e gás, são factores que distinguem a Galp como um player incontornável neste país.

Que desafios tem este mercado?

Os projectos altamente desafiantes do ponto de vista técnico no pré- -sal foram, sem dúvida, o principal desafio do mercado brasileiro para a Galp. Fomos um dos primeiros a acreditar no potencial petrolífero do Brasil. No início do século, o pré-sal era um território desconhecido, um sonho que poucos se aventuravam a perseguir. Desde o primeiro dia, ajudámos a tornar este sonho em realidade através do nosso compromisso, das nossas parcerias e das nossas competências.

Feita essa aposta estratégica, o grande desafio seguinte foi manter a capacidade de resiliência. A Galp tem vindo a apostar no Brasil desde o início deste século, em montantes crescentes. No final de 2010, uma década depois do início desta aventura, lançámos o primeiro piloto comercial no Campo Lula. E só no ano passado, as nossas operações começaram a libertar mais cash-flow do que aquele que injectámos em investimento.

Foi essa resiliência que nos permitiu olhar para novas áreas com outro poder de fogo e sem a pressão de entrar em novos projectos a todo o custo, pois temos muito para desenvolver nos próximos anos.

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