Desta vez não será diferente…

Por Paulo Carmona

Hoje temos uma valorização de activos que desafia as avaliações mais optimistas, sobretudo num contexto de subida de taxas de juros e secagem de liquidez pelos bancos centrais. Os bancos centrais estão a recolher muito do dinheiro que “imprimiram” para ajudar a economia…

Dizia Frank Templeton, um dos lendários investidores ingleses e fundador dos fundos de seu nome, as quatro palavras em inglês que mais dinheiro fizeram perder são: “This time is different…”, em português, desta vez é diferente. Mais tarde Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff utilizaram a mesma frase para o seu best- -seller em 2009. Ou seja, as pessoas querem acreditar que desta vez é diferente, apenas para repetirem os mesmos erros. Todos nós acreditamos mais no que gostamos de acreditar… Ou seja, os agentes económicos detêm uma certa irracionalidade por que são… simplesmente humanos. Foi este o trabalho de Nudge, que deu a Richard H. Thaler o Prémio Nobel de Economia este ano, e desenvolvido mais tarde no livro “Misbehaving: The Making of Behavioral Economics”.

Assim, é um tormento para os directores comerciais, políticos, macroeconomistas, banqueiros centrais, entre outros, tentar prever o comportamento económico dos agentes. Mas o perigo vem muito dos políticos que vendem esperança e optimismo. O optimismo e a chama da esperança, que o poeta exige continuar acesa dentro de nós, já nos levaram à bancarrota em 2011 e pelo mundo deram força a nazis e comunistas que mataram milhões e empobreceram meio mundo. Sem esperança somos tristes sem vida, com esperança inconsciente podemos ficar mal… Nos mercados também temos esse fenómeno.

Hoje, como lemos em diversos jornais, temos uma valorização de activos, na Bolsa, no imobiliário, por exemplo, que desafia as avaliações mais optimistas, sobretudo num contexto de subida de taxas de juros e de secagem de liquidez pelos bancos centrais, ou seja, os bancos centrais estão a recolher muito do dinheiro que “imprimiram” para ajudar a Economia.

Por cá, nem quero pensar como ficaremos num contexto de manutenção da subida do Euro e do petróleo, e de subida de taxas de juro. 1% de variação numa dívida pública de 250 mil milhões são 2,5 mil milhões, ou perto dum terço das despesas de Saúde.

A crises nas economias de mercado sucedem-se. Desta vez não vai ser diferente nas bolsas, no imobiliário e na frágil situação portuguesa…

Este artigo foi publicado na edição de Outubro de 2017 da revista Executive Digest.

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