Área de Serviço SGPS, S.A.

logo_executive_digest_novoÀ saída crise, e com o depósito ainda atestado de endividamento (é o top dos combustíveis, mas pouco ecológico), muitas das empresas modernas seguiram sempre em frente e sem paragens no investimento ponderado, consolidando a sua tendência para se assumirem como verdadeiras “Áreas de Serviço” na auto-estrada do crescimento empresarial e da afirmação no mercado (desengane-se quem pensou que era uma via só com uma faixa de rodagem ou que quem ia ao volante era uma mulher!).

 É certo e sabido que o propósito de uma Área de Serviço é o de permitir a satisfação das necessidades básicas de quem viaja. Saciada a necessidade que motivou a paragem já não persiste a razão para lá ficar. Ninguém fica numa área de serviço mais que o tempo necessário! Ninguém leva a família a almoçar ao domingo à área de serviço porque é agradável e a comida é boa! Ninguém convida um amigo para ir tomar um copo ali àquela área de serviço nova, muito gira e agradável! Primeiro porque não é e segundo porque quando se paga 7 euros por um rissol e uma meia de leite e mais cerca de 4 cêntimos por cada litro de combustível é natural que uma pessoa se sinta, no mínimo, roubada!

 E estes sentimentos são, à sua maneira, comuns a muitos dos que trabalham nas “Aveiras e Palmelas SGPS, S.A.” que há pelo nosso país fora, ou seja, empresas que funcionam como meros locais de passagem para um futuro mais auspicioso! Os colaboradores ingressam nestas empresas, aprendem o negócio, ganham experiência e depois vão trabalhar para outro lado, onde ganham melhor, ocupam posições de destaque e são efectivamente valorizados, por contraponto às “empresas-áreas-de-serviço” onde, passado pouco tempo de lá terem ingressado, se apercebem que nunca sairão, passe-se o vulgarismo da expressão, “da cepa torta”!

 Obviamente que as “áreas de serviço” são de grande utilidade, principalmente para quem por lá passa e ainda mais para quem depois beneficia de quem por lá passou! Aliás, se os “patrões” destas “empresas-áreas-de-serviço” tivessem olho para o negócio mudavam o objecto social das empresas que gerem para o de centros de formação profissional!Sempre seria mais apropriado e provavelmente lucrativo!

 Não deixa, no entanto, de ser curioso que alguns “patrões” pura e simplesmente não se apercebam que as suas empresas são áreas de serviço, apesar dos sinais flagrantes de que isso se passa. Uma empresa em que a duração dos contratos dos colaboradores é inferior ao tempo de combustão de um fósforo (dos pequeninos), em que os talentos se vão embora tão ou mais depressa do que vieram, em que os colaboradores se sentem defraudados e que se limita a formar e gerir pessoal que mal entrou já está a pensar em sair…convenhamos, tem todos os sintomas de que algo está mal! Mas como o pior cego é sempre aquele que não quer ver, e nestas empresas, que se limitam a gerir pessoal de saída, o “patrão” continua a pensar que o problema é dos colaboradores, que são uns ingratos, uns traidores…ainda mais depois de ele ter a bondade de os deixar trabalhar para ele 12 horas por dia, exigir-lhes mundos e fundos e pagar-lhes a astronómica soma de 500 Euros por mês! Não há respeito!

 Empresa que se preze gere e cuida daquilo que é seu e, acima de tudo, sabe que quando contrata um colaborador, com ou sem experiência, este cede-lhe a sua capacidade de trabalho em troca de um ordenado. Isto é básico, mas infelizmente há quem ainda não tenha apreendido este conceito do “toma lá, dá cá”. Contratar uma pessoa, pô-la a trabalhar em beneficio de uma empresa e lucrar à custa do valor por ela gerado não é um acto de caridade, caso contrário a Santa Casa da Misericórdia, coitadinha, já estaria na falência com tantos mecenas no nosso país! E depois, novo conceito básico, mas curiosamente também de aparente difícil absorção, quem não tinha experiência adquire-a ao fim de algum tempo e aí se percebe o seu justo valor, que tem que ser ajustado. E quem já tinha provas dadas, e por isso foi contratado, não vai dizer ámen a todas as ideias iluminadas que os “patrões” lhes impõem… isso é tão inteligente como pôr um cavalo de corridas a puxar uma charrete! E por Deus e São Jorge, tanto condutor de charrete que este país tem!

Por Isolda Brasil

 

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