A nova vida de um CFO

Por Vasco Salgueiro, senior manager Tax & Legal Michael Page

Nos dias de hoje, verifica-se uma grande mudança no paradigma e na missão dos departamentos financeiros das organizações. Antes voltados quase exclusivamente para a contabilidade, essas áreas são agora consideradas centros de informações estratégicas e o CFO – Chief Financial Officer ganha um papel cada vez mais abrangente, que vai muito além dos horizontes da rotina financeira. As empresas têm utilizado as informações financeiras de forma mais estruturada e estratégica, como elemento de alavancagem para apoiar as unidades de negócio na tomada de decisão.

O CFO pode liderar a transformação do negócio, sustentando a estratégia e a operação da empresa com processos e informações organizadas para suporte de áreas-chave, como as compras, produção, serviços, vendas e distribuição. As empresas que estão um passo à frente nesta fase de transição e transformação da área financeira apresentam maior crescimento, lucro e criação de valor para os accionistas. Por outro lado, algumas empresas ainda se encontram no primeiro estágio de desenvolvimento destes departamentos, não obstante, noutras ainda, esta função já desempenha um papel de liderança na estratégia e execução do negócio. Ainda assim, no panorama nacional, a grande maioria das organizações está, na verdade, entre estes dois extremos.

Responsável pela boa gestão financeira de uma empresa, ocupa um cargo estratégico na mesma. Qual o perfil exigido em termos de qualificações e experiência?

Quais as capacidades técnicas e competências profissionais exigidas para o cargo?

Quais as tarefas principais de um CFO na empresa?

Fundamental na empresa, o CFO mantém um contacto permanente com os vários parceiros da empresa e coordena as relações entre eles e supervisiona diversos sectores da empresa:

– Financeiro: interveniente principal nas áreas de gestão de tesouraria, elaboração de previsões orçamentais ou balanços e implementação de ferramentas de gestão, supervisiona a gestão financeira e os serviços de contabilidade;

– Recursos humanos/gestão: dependendo da dimensão da organização, pode substituir ou assessorar o director de recursos humanos e ajudar a identificar as necessidades da empresa a nível de pessoal e acompanhar a sua evolução;

– Jurídico: responsável pela aplicação da regulamentação em vigor, acompanha as alterações introduzidas na lei, supervisiona as declarações fiscais ou contabilísticas da empresa e gere a resolução de conflitos com clientes.

Sendo necessário um bacharelato, os percursos formativos mais procurados continuam a ser a licenciatura numa reputada escola de gestão, o diploma de contabilidade e finanças e o mestrado em controlo de gestão, contabilidade e auditoria.

No que diz respeito à carreira profissional de um CFO, parece essencial um mínimo de cinco anos de experiência em funções na área da contabilidade e gestão quando se trata de consolidar competências nos domínios da contabilidade, controlo de gestão e auditoria.

Para além da especialização necessária em matéria financeira, contabilística e fiscal, e de competências para utilizar software de gestão de TI, o CFO deve ter ainda uma forte capacidade de liderança e de tomada firme de decisões. O seu sentido estratégico e sólidas capacidades de negociação são também activos importantes. Com excelentes aptidões relacionais e um bom domínio do inglês comercial, o ou a candidato/a deverá ser capaz de comunicar de forma eficaz com os accionistas da empresa e criar uma equipa à volta de um objectivo comum, como o desenvolvimento de um plano de negócios.

Em suma, o tradicional perfil de profissional de finanças, técnico e introvertido, está em processo de reinvenção devido ao avanço da tecnologia, que aumentou a automatização da produção de informação financeira, libertando os profissionais para desenvolverem um lado mais analítico e estratégico.

Nos dias de hoje, um dos principais desafios do CFO é conseguir estimular sua equipa a olhar para o seu desempenho dentro da área financeira e, paralelamente, procurar também optimizar a criação de valor para a empresa como um todo, agregando valor para o negócio.

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